Zé Gotinha não vai mais existir? Governo dá fim a vacinação por gotas

Desde segunda-feira, 4 de novembro, o Brasil implementou uma alteração significativa em seu esquema vacinal contra a poliomielite. O tradicional uso da vacina oral poliomielite bivalente (VOPb), conhecida como gotinha, foi substituído pela aplicação da vacina inativada poliomielite (VIP), que será administrada de forma injeção intramuscular em crianças.

A mudança foi anunciada pelo Ministério da Saúde e segue recomendações internacionais e evidências científicas. A nova abordagem inclui um esquema vacinal em quatro doses:

  • 1ª dose: aos 2 meses;
  • 2ª dose: aos 4 meses;
  • 3ª dose: aos 6 meses;
  • Dose de reforço: a partir dos 15 meses.

De acordo com o Ministério da Saúde, a decisão de substituir a vacina oral por injetáveis tem como objetivo aumentar a segurança e a efetividade da imunização, conforme indicam estudos e as práticas de outros países, como os Estados Unidos e diversas nações europeias, que já adotam a VIP.

Ação de preparação dos estados

O Ministério já orientou os governos estaduais a adotarem medidas para preparar os municípios para a retirada da gotinha e a implementação das novas doses de reforço. As mudanças buscam garantir a manutenção da erradicação da poliomielite no Brasil, que está livre da doença há 34 anos.

Base científica e recomendações de órgãos internacionais

A substituição da gotinha foi discutida amplamente pela Câmara Técnica Assessora em Imunizações (CTAI) e recebeu a aprovação de instituições de saúde, como o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) e a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Além de seguir as orientações da OMS, a medida foi respaldada por dados epidemiológicos que indicam que a nova fórmula de vacinação se alinha com a segurança e a eficácia necessárias para prevenir a poliomielite de forma mais robusta.

Impacto na cobertura vacinal

Embora o Brasil tenha alcançado uma cobertura vacinal de 86,55% contra a poliomielite em 2023, um aumento em relação aos 77,20% registrados em 2022, a nova estratégia visa consolidar a erradicação da doença e reforçar a importância da vacinação.

O fim do Zé Gotinha

A mudança também marca o fim de uma era para o tradicional Zé Gotinha, mascote que, desde os anos 1980, tem sido uma marca registrada das campanhas de vacinação contra a poliomielite no Brasil.

O personagem, que se tornou um símbolo da luta contra a doença, seguirá ativo nas campanhas de imunização, agora com foco em outras doenças também preveníveis por vacina, como o sarampo.

Recentemente, o Zé Gotinha foi premiado na categoria Brand Persona do iBest, como uma das figuras mais relevantes no mundo digital, reforçando seu papel como aliado na educação em saúde e no combate às fake news sobre vacinas.

A transição para a vacina injetável não só busca manter o Brasil livre da poliomielite, mas também garantir que a população continue protegida, com um sistema vacinal cada vez mais adaptado às necessidades de saúde pública globais.

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