Greve do INSS: Servidores buscam intervenção da Câmara dos Deputados
Por: Milena Armando
Na última quarta-feira (14), os servidores do INSS aumentaram seus esforços junto à Câmara dos Deputados para buscar mediação em um impasse que já dura um mês.
A categoria entrou em greve no dia 16 de julho, reivindicando melhorias nas condições de trabalho e reajustes salariais.
Com serviços essenciais prejudicados, os trabalhadores do INSS estão pressionando por intervenções que possam destravar as negociações com o governo federal.
Eles se reuniram com parlamentares para apresentar suas demandas e pedir celeridade no atendimento de suas reivindicações.
Objetivos dos servidores do INSS
As demandas dos servidores do INSS são variadas e buscam resolver problemas estruturais na instituição.
Entre os principais pontos de reivindicações estão: Reajuste salarial significativo para a categoria; incorporação de gratificações ao salário-base
Realização de concursos públicos para preencher vagas ociosas; melhora nas condições de trabalho, especialmente na área de infraestrutura tecnológica
A Comissão de Legislação Participativa discutiu essas questões e procurou soluções. O deputado Glauber Braga (Psol-RJ) propôs a criação de um documento conjunto com os sindicatos para ser encaminhado à ministra Esther Dweck, que é responsável pela Gestão e Inovação em Serviços Públicos, a fim de abrir um canal de negociação imediato.
Como a terceirização afeta os funcionários do INSS?
Os representantes dos servidores fizeram fortes críticas ao modelo de terceirização adotado pelo INSS.
Thaize Antunes, da Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), destacou a precariedade das atuais condições de trabalho.
Muitos equipamentos são considerados ultrapassados e a internet lenta compromete o atendimento ao público.
Antunes enfatizou que o órgão está "sucateado", o que dificultaria o desempenho eficiente das funções dos servidores.
Ela ainda ressaltou que a terceirização não resolve os problemas estruturais, mas sim os agrava.
Desafios financeiros da terceirização
Um ponto crucial levantado foi o impacto financeiro da terceirização no INSS. Lídia de Jesus, também da Fenasps, apontou que cerca de R$ 8 bilhões foram destinados a esse modelo, valor que, segundo ela, poderia ser melhor investido na valorização dos servidores, melhorias salariais, estruturação das unidades e novos concursos públicos.
A crítica à política salarial atual também foi destaque. Cristiano Machado, da Fenasps de São Paulo, explicou que o salário básico está abaixo do mínimo necessário e que cerca de 80% da remuneração total dependem de gratificações.
Isso cria um ambiente insustentável e sobrecarregado, afetando a saúde dos trabalhadores pela alta demanda de processos acumulados.
Próximos passos para a negociação
Em um esforço de conciliação, o Ministério da Gestão e Inovação propôs um reajuste salarial de 24,8% para servidores e inativos, válido entre 2023 e 2026.
No entanto, os sindicatos consideraram essa proposta insuficiente, mantendo a reivindicação de um reajuste de 33%, o que prolonga o impasse.
Existe a esperança de que o documento sugerido pela Comissão de Legislação Participativa possa abrir caminho para um acordo.
Por enquanto, a greve continua a prejudicar milhões de brasileiros que dependem dos serviços do INSS.
A expectativa é de que as negociações avancem rapidamente, possibilitando uma resolução justa tanto para os servidores quanto para a sociedade que necessita do atendimento do INSS.