Você vai ficar de boca aberta com o salário de titulares de cartórios
Os titulares de cartórios no Brasil se destacam por possuírem um salário exorbitante, superando qualquer outra categoria profissional no país. Com uma média mensal de R$142 mil, de acordo com dados do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) de 2022, esses profissionais ganham muito mais que servidores públicos, inclusive juízes e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
No Distrito Federal, essa média pode chegar a impressionantes R$500 mil por mês. Esse cenário levanta questionamentos sobre a distribuição de rendas e os privilégios no serviço público brasileiro.
Salário e privilégios exorbitantes
Os juízes brasileiros, por exemplo, têm rendimentos que, na maioria dos casos, ultrapassam o teto do funcionalismo público, estabelecido pela Constituição em R$41,7 mil. No entanto, 93% dos juízes do país ganham mais do que isso mensalmente.
A situação não se restringe aos magistrados. Fiscais da Receita Federal também estão entre os beneficiados, com um “bônus de eficiência” que pode elevar seus vencimentos para mais de R$40 mil a partir de 2026, independentemente do desempenho individual.
Os titulares de cartórios, cargos providos por concurso público, lideram o ranking de rendimentos. Em Brasília, esses profissionais chegam a ganhar em média meio milhão de reais por mês, um valor que destaca a concentração de renda entre os altos cargos do serviço público.
Segundo Bruno Carazza, economista e doutor em direito, essa disparidade se deve a um modelo de funcionamento do Estado brasileiro que beneficia grupos organizados com poder de pressão nas esferas do Executivo, Legislativo e Judiciário.
Análise e perspectivas
No primeiro volume de sua trilogia “O país dos privilégios”, Carazza explora como esses altos rendimentos contribuem para a desigualdade de renda no Brasil. O pesquisador argumenta que o problema não reside no excesso de servidores públicos, mas na forma como esses privilégios são distribuídos
Comparando com países da OCDE, o Brasil tem uma proporção menor de servidores públicos em relação à população economicamente ativa, mas gasta mais com a folha de pagamento do funcionalismo.
A reforma administrativa é apontada como uma solução potencial para essas distorções. No entanto, propostas robustas e regulamentadas ainda não foram aprovadas pelo Congresso. A última tentativa significativa foi a PEC 32/2020, durante o governo Jair Bolsonaro, considerada inadequada por muitos especialistas.
Carazza sugere que é necessário encontrar pontos comuns para uma reforma que reduza a quantidade de carreiras no serviço público, estabeleça uma remuneração inicial mais baixa e crie avaliações de desempenho.
Além disso, ele propõe a recuperação da autoridade do teto de remuneração no serviço público, eliminando os chamados “penduricalhos” que resultam em supersalários. A busca por uma sociedade mais justa e equitativa passa pelo repensar desse modelo de distribuição de privilégios, algo que Carazza acredita ser fundamental para um país mais próspero e sustentável.