Rotação da Terra vai mudar após construção de barragem na China?
A Barragem das Três Gargantas, situada no rio Yangtzé, na China, não é apenas uma obra de engenharia impressionante, mas também um ponto de discussão na comunidade científica devido aos seus possíveis efeitos na rotação da Terra.
Com 2.335 metros de comprimento e uma altura de 185 metros, esta é a maior barragem do mundo e foi projetada para controlar enchentes, facilitar o transporte fluvial e gerar energia hidroelétrica para milhões de habitantes.
Entretanto, o enorme volume de água que ela retém (40 km³) gera dúvidas sobre como essa distribuição massiva de água pode alterar a massa da Terra, e, consequentemente, seu movimento rotacional.
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Como a rotação da terra é afetada pela distribuição de massa
A Terra gira em torno de seu próprio eixo, completando uma volta a cada 24 horas, mas essas rotações podem ser levemente afetadas por eventos que deslocam grandes massas de terra ou água.
A velocidade e a direção da direção independente da distribuição de massa em nosso planeta. Alterações nesta distribuição, como terremotos, erupções vulcânicas e até construções de grande porte, podem influenciar o “momento de inércia” da Terra, ou seja, a resistência que a Terra apresenta ao movimento rotacional.
No caso da Barragem das Três Gargantas, a retenção de um volume tão expressivo de água em uma área específica do planeta significa um deslocamento de massa que, em teoria, pode impactar as rotações.
A barragem das Três Gargantas
Inaugurada em 2014, a barragem é a maior usina hidroelétrica do mundo, com uma capacidade instalada de 22.500 MW, fornecendo energia para uma vasta população na China.
Sua estrutura foi projetada para reter ou equivalente a 40 km³ de água, o que representa uma quantidade enorme de massa. Esse volume quando deslocado para um único local, gera um impacto direto no momento de inércia da Terra, alterando levemente seu giro.
Estudo da Nasa
Pesquisas realizadas pela Nasa analisaram os efeitos de eventos de grande magnitude na rotação da Terra, incluindo o impacto da Barragem das Três Gargantas. O geofísico Benjamin Fong Chao indicou que o deslocamento de massa causado pela barragem poderia aumentar o comprimento de um dia em cerca de 0,06 microssegundos.
Além disso, o estudo apontou que a construção da barragem poderia deslocar a posição do polo terrestre em aproximadamente 2 centímetros. Embora essas mudanças não afetem nosso cotidiano, elas são relevantes para os cientistas que monitoram a estabilidade rotacional do planeta.
Terremotos e Tsunamis
Estudos geofísicos anteriores demonstraram que terremotos e tsunamis, como o de 2004 no Oceano Índico, também têm efeitos sutis na rotação da Terra. Esse evento em particular foi superado em uma redução na duração do dia em 2,68 microssegundos devido à redistribuição de massa causada pela entrega das placas tectônicas.
A comparação com eventos naturais ilustra que mudanças na distribuição de massa, seja por características naturais ou ações humanas como a construção de grandes barragens, podem alterar a rotação da Terra.
Além de construções como a Barragem das Três Gargantas, atividades humanas como desmatamento, urbanização e mudanças climáticas também têm um papel na redistribuição de massa da Terra.
Com o aquecimento global, o derretimento das geleiras altera a massa das calotas polares, transferindo água para os oceanos. Essa redistribuição pode variar, ainda que sutilmente, a rotação do planeta e até a mesma rotação.
Relevância das mudanças e implicações no futuro
Embora a mudança de 0,06 microssegundos na duração do dia causada pela Barragem das Três Gargantas pareça insignificante, os cientistas alertam que, se as atividades humanas de grande escala continuarem alterando a distribuição de massa, ajustes precisos no tempo poderão ser necessários.
No futuro, a introdução de um “segundo bissexto negativo” pode ser considerada, para corrigir a desaceleração da rotação terrestre. Esse ajuste é feito quando os relógios atômicos, usados para medir o tempo com exatidão, percebem uma discrepância nos giros da Terra em relação ao Tempo Universal Coordenado (UTC).
Essas preocupações, mesmo pequenas, são um lembrete de que nossos avanços tecnológicos e de infraestrutura têm efeitos que além do imediato, afetando, literalmente, a dinâmica de nosso planeta.