Revelado quem recebeu dinheiro do grande golpe milionário do PIX
O sistema Pix, amplamente adotado pelos brasileiros por sua praticidade e rapidez, tornou-se alvo do maior esquema de fraude financeira já registrado no país.
O desvio de aproximadamente R$ 800 milhões, articulado a partir de uma brecha interna na C&M Software, envolveu mais de 25 instituições financeiras, incluindo bancos de grande porte — uma movimentação que acendeu alertas em diversas esferas do setor bancário.
Segundo fontes com acesso direto à investigação, o esquema criminoso foi viabilizado por um funcionário da C&M Software, empresa responsável por integrar bancos menores e fintechs aos sistemas do Banco Central.
O colaborador, segundo apuração da Polícia Civil de São Paulo, foi aliciado com R$ 15 mil para liberar o acesso de criminosos às estruturas de transferência.
Golpe sofisticado e ramificado

Inicialmente interpretado como um ataque hacker, o golpe revelou-se uma operação interna e meticulosamente articulada.
As transações irregulares ocorreram, em sua maioria, durante a madrugada, horário incomum que deveria ter gerado alertas nos sistemas de compliance das instituições envolvidas.
O montante foi distribuído entre dezenas de contas vinculadas a participantes diretos e indiretos do Pix, com destaque para três instituições de pagamento que foram suspensas cautelarmente pelo Banco Central: Transfeera, Nuoro Pay e Soffy.
A Soffy, que ingressou no Pix apenas no final de abril deste ano, recebeu sozinha R$ 270 milhões — valor que surpreendeu até os investigadores, dada a pouca experiência da empresa no ecossistema financeiro.
Tanto ela quanto a Nuoro Pay operavam sob a autorização indireta de terceiros, o que levanta questionamentos sobre os critérios de habilitação e fiscalização do Banco Central.
Vulnerabilidade e responsabilidade
Registros das movimentações fraudulentas já indicavam padrões incomuns, e analistas apontam fragilidades nos mecanismos de controle interno de bancos e instituições de pagamento.
A extensão da rede de contas beneficiadas e a velocidade com que os valores foram pulverizados demonstram um grau de sofisticação operacional incomum em fraudes convencionais.
A C&M Software, epicentro do vazamento, ainda não se manifestou oficialmente. Já o Banco Central, ao ser procurado, optou por não comentar o caso até o momento.
As instituições Transfeera, Nuoro Pay e Soffy também mantêm silêncio, à exceção da Transfeera, que divulgou uma nota afirmando estar “colaborando ativamente com as autoridades”.
Prisão e próximos passos
O funcionário investigado, João Nazareno Roque, de 48 anos, foi preso na última sexta-feira. Ele teria fornecido as credenciais de acesso ao sistema da C&M em troca do suborno oferecido pelos criminosos.
O caso expõe a urgente necessidade de revisão dos protocolos de segurança do Pix e da fiscalização de empresas participantes, mesmo aquelas autorizadas indiretamente. Para especialistas, o episódio pode redefinir os parâmetros regulatórios do sistema financeiro digital brasileiro.