Planeta Invisível vai ser rastreado por telescópio gigantesco
A busca por um planeta invisível, conhecido como o “Planeta X” ou “Planeta Nove”, no sistema solar externo está mais próxima de alcançar uma resposta definitiva.
A existência desse corpo celeste, que hipoteticamente poderia ser até 4,4 vezes mais massivo que a Terra e orbitar a uma distância cerca de 10 vezes maior que a de Netuno, é respaldada por cálculos recentes e um estudo que promete revolucionar a busca por este enigmático planeta.
A pesquisa, que será publicada no The Astrophysical Journal, traz novos dados que aproximam os cientistas de uma possível descoberta.
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Descobertas sobre TNOs
O artigo, conduzido por Amir Siraj, astrofísico da Universidade de Princeton, examina a movimentação de objetos transnetunianos (TNOs). Esses corpos celestes, localizados além de Netuno, têm órbitas que os colocam em regiões distantes do Sistema Solar.
O estudo revela um agrupamento nas características orbitais de TNOs situados a aproximadamente seis vezes a distância de Netuno. Esse agrupamento sugere a presença de um corpo invisível que pode estar influenciando as órbitas desses objetos menores.
Siraj e seus colegas utilizaram uma grande amostra de TNOs distantes e aplicaram testes estatísticos para identificar padrões de movimento, o que fortalece a hipótese de que um planeta maior está presente e afetando essas órbitas.
Uma visão mais precisa do Planeta X
O modelo proposto por Siraj sobre as características do hipotético Planeta X se distoa de pesquisas anteriores. Um estudo realizado por Mike Brown e Konstantin Batygin, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), apontava um planeta com aproximadamente 1,5 vezes o tamanho da Terra e uma órbita mais distante.
Porém, o novo estudo sugere que o Planeta X poderia ter uma órbita mais próxima e excêntrica (mais alongada) do que se pensava, além de ter uma massa menor. A configuração orbital prevista por Siraj está mais alinhada com as órbitas dos planetas do Sistema Solar, o que faz com que este novo modelo tenha apenas 0,06% de similaridade com as conclusões anteriores.
Isso indica que as características físicas e a posição do planeta poderiam ser diferentes do que se acreditava, com a possibilidade de um planeta menos massivo, mas com uma influência gravitacional igualmente importante.
Será que o Planeta X existe?
Se o novo estudo de Siraj estiver correto, a resposta pode estar mais próxima do que imaginamos. A pesquisa sugere que as características orbitais do planeta tornam a descoberta mais acessível, e que a chance de encontrá-lo aumenta com o uso do Observatório Vera C. Rubin, um dos maiores telescópios do mundo, que começará suas operações em 2025.
O Vera C. Rubin será capaz de mapear todo o céu visível e possui uma câmera de 3.200 megapixels, projetada para registrar e analisar bilhões de objetos celestes. Entre suas muitas funções, o telescópio também poderá detectar fenômenos cósmicos como supernovas e asteroides, além de permitir a observação de planetas até então invisíveis.
Observatório Vera C. Rubin e a busca por planetas invisíveis
O Observatório Vera C. Rubin, localizado no norte do Chile, será uma ferramenta crucial na busca pelo Planeta X. Equipado com um telescópio refletor de 8,4 metros, ele terá a capacidade de mapear o céu visível com uma resolução nunca antes alcançada.
O projeto, que custou US$ 1,9 bilhão, pretende mapear 40 bilhões de objetos celestes, o que inclui estrelas, galáxias, planetas e outros fenômenos do universo. O objetivo final do Legacy Survey of Space and Time (LSST) é desvendar os mistérios da matéria escura, da energia escura e fornecer imagens detalhadas do universo dinâmico, criando um “filme” do cosmos em tempo real.
Além disso, a ampla visão do campo do telescópio permitirá que a equipe do projeto identifique eventos transitórios em até 120 segundos, uma característica que pode ser crucial para detectar o Planeta X, caso ele realmente exista.
A enorme quantidade de dados gerada, cerca de 20 terabytes por noite, proporcionará informações que poderão, um dia, revelar um planeta desconhecido, talvez o Planeta X, que espreita nas regiões mais distantes do Sistema Solar.
Se o Planeta X realmente existir, ele poderá ser o último grande enigma do Sistema Solar a ser desvendado, e a chave para esse segredo estará nos céus do Chile, sob o olhar atento dos cientistas do Vera C. Rubin.