Planeta gigante revela segredos que desafiam a ciência moderna
Um estudo recente publicado na revista Nature Astronomy trouxe novas evidências sobre como pequenas rochas espaciais — conhecidas como seixos cósmicos — desempenharam um papel determinante na formação de planetas gigantes gasosos como o WASP-121b, localizado a cerca de 900 anos-luz da Terra.
Descoberto em 2015, o WASP-121b — classificado como um “Júpiter ultraquente” — tem chamado a atenção da comunidade científica por suas temperaturas elevadas, que podem ultrapassar 3.000°C.
O planeta apresenta um fenômeno atmosférico peculiar: um lado está sempre voltado para sua estrela, permanecendo iluminado e superaquecido, enquanto o lado oposto vive em escuridão constante.
Análises com o Telescópio James Webb
Os pesquisadores utilizaram instrumentos do Telescópio Espacial James Webb (JWST) para examinar a luz emitida pelo planeta em diferentes pontos de sua órbita.
A análise espectral revelou a presença de monóxido de silício (SiO) — detectado pela primeira vez em uma atmosfera planetária — além de água (H₂O), monóxido de carbono (CO) e metano (CH₄).
A descoberta de metano no lado escuro do planeta foi especialmente surpreendente. Por ser um planeta extremamente quente, esperava-se que o metano se desintegrasse completamente.
No entanto, os cientistas acreditam que o gás foi transportado por uma circulação vertical — processo em que ventos intensos movimentam elementos das camadas mais profundas para as camadas superiores da atmosfera.
Importância das pequenas rochas
Segundo os autores, o estudo reforça a hipótese de que pequenos fragmentos rochosos evaporaram gradualmente durante a formação do planeta, liberando gases que hoje compõem sua atmosfera.
“A proporção entre carbono e oxigênio nos dá pistas sobre o local de nascimento desses planetas e como eles evoluem”, explica o pesquisador Thomas Mikal-Evans, do MIT, coautor da pesquisa.
A coautora Dra. Anjali Piette, da Universidade de Birmingham, acrescenta que o sucesso da detecção de múltiplos gases no WASP-121b estabelece um marco no uso do JWST.
“Conseguimos mapear a composição atmosférica com precisão inédita, o que abre caminho para a análise de outros exoplanetas semelhantes”, afirmou.
Novos caminhos na astrofísica
A descoberta também contribui para a compreensão dos chamados Júpiteres ultraquentes, uma categoria de planetas ainda pouco conhecida.
O estudo indica que, além de colisões com grandes corpos, a contribuição contínua de pequenos materiais — como rochas ricas em compostos voláteis — pode ser decisiva na formação e na composição atmosférica de mundos distantes.
A pesquisa reforça a ideia de que o universo primitivo já continha elementos fundamentais para o surgimento de planetas muito antes da formação do Sistema Solar. E, ao que tudo indica, foram as partículas menos visíveis do cosmos que ajudaram a moldar alguns dos maiores planetas que hoje observamos.