País europeu fica encantado com o SUS e quer implementar o serviço
O governo britânico está analisando de perto o modelo brasileiro de agentes comunitários de saúde, considerando sua implementação no Sistema Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido.
Essa iniciativa surge em um momento crítico para o NHS, que enfrenta desafios, como o difícil acesso a médicos. O projeto-piloto, inspirado no sistema brasileiro, está em andamento em Pimlico, Londres, com planos de expansão para outras 25 regiões na Inglaterra.
No Brasil, os agentes comunitários de saúde são parte essencial da Estratégia Saúde da Família, uma iniciativa do Sistema Único de Saúde (SUS). Este modelo tem sido creditado por melhorias nos indicadores de saúde no país.
A abordagem comunitária e preventiva dos agentes brasileiros despertou o interesse do governo trabalhista britânico, que recentemente venceu as eleições e está buscando soluções inovadoras para os problemas do NHS.
Como funciona a Estratégia Saúde da Família no Brasil?
A Estratégia Saúde da Família foi implementada no Brasil no início dos anos 1990. Os agentes comunitários de saúde atuam em suas próprias comunidades, formando equipes com médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Eles são responsáveis por visitar residências, oferecer orientações de saúde, educação e conectar a população aos serviços de saúde disponíveis.
Embora não possuam necessariamente formação acadêmica na área de saúde, os agentes recebem treinamento específico para desempenhar suas funções.
Este modelo tem se mostrado eficaz em áreas urbanas e rurais, incluindo regiões remotas da Amazônia e favelas nas grandes cidades.
Desafios e benefícios da implementação no Reino Unido
O interesse do Reino Unido no modelo brasileiro é liderado por especialistas como o médico inglês Matthew Harris, que já trabalhou em Pernambuco e atualmente pesquisa na Escola de Saúde Pública do Imperial College de Londres. Ele destaca que a implementação no NHS é “100%” inspirada na Estratégia Saúde da Família.
No entanto, a adaptação desse modelo ao contexto britânico apresenta desafios. Um dos principais é a questão do senso de comunidade, que é um dos pilares do sucesso brasileiro.
A dúvida é se a sociedade britânica moderna possui um nível de coesão comunitária suficiente para que o modelo seja bem-sucedido. Além disso, a aceitação de visitas domiciliares pode variar culturalmente, influenciando a eficácia do programa.
Futuro do NHS
O plano do governo britânico para o NHS, que deve ser publicado em junho, promete uma ênfase maior na prevenção de doenças e um deslocamento do foco dos hospitais para as comunidades.
Essa abordagem, inspirada pelo modelo brasileiro, busca enfrentar os desafios de acesso e sobrecarga do sistema de saúde britânico.
Se bem-sucedido, o projeto-piloto em Pimlico pode se tornar um marco na transformação do NHS, oferecendo um exemplo de como soluções inovadoras e inspiradas em modelos internacionais podem ser adaptadas para atender às necessidades locais.