O que vai acontecer com os brasileiros após taxação de Donald Trump?
A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros acende um alerta sobre seus desdobramentos na economia da Bahia.
Com forte vocação exportadora e laços comerciais sólidos com o mercado norte-americano, o estado pode ser duramente afetado tanto no agronegócio quanto na indústria.
A medida, anunciada na quarta-feira (9), provocou a alta do dólar e acentuou a preocupação com os possíveis impactos no bolso da população.
Produtos como soja, cacau, manga, algodão e café, além de celulose, petroquímicos e pneus, estão entre os itens que compõem a pauta de exportações baianas e que agora enfrentam barreiras tarifárias mais rígidas.
Economia baiana sob pressão
De acordo com Tiago Matos, coordenador do Núcleo de Relações Internacionais da Unijorge e pesquisador na University of Waterloo, no Canadá, a decisão americana representa um golpe significativo para estados com forte integração comercial com os EUA.
“A Bahia será atingida em múltiplos setores, tanto no campo quanto na produção industrial, especialmente em um momento em que o estado atrai novos investimentos que dependem de equipamentos importados”, analisa.
A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) também demonstrou preocupação com a escalada protecionista. Em nota divulgada nesta quinta-feira (10), a entidade alerta que segmentos como celulose, licor de cacau, pneus e químicos industriais podem sofrer perdas significativas.
A celulose tradicional, por exemplo, representou 16,2% das exportações baianas aos EUA no primeiro semestre de 2025, movimentando US$ 71,4 milhões — cerca de 12% das exportações do setor.
Efeitos na indústria e no consumidor final
Segundo Matos, a elevação da tarifa pode desencadear dois tipos de impacto: internamente, há risco de estoque excedente dos produtos que perderem competitividade externa, o que no curto prazo poderia resultar em redução de preços ao consumidor. Porém, esse efeito tende a ser passageiro.
“A médio prazo, os produtores buscarão compensar as perdas com exportações reajustando os preços internamente. Além disso, caso o Brasil adote medidas retaliatórias, como a aplicação de taxas semelhantes sobre produtos dos EUA, isso pode gerar efeitos inflacionários, já que muitos itens de alto valor agregado, como medicamentos, eletrônicos, combustíveis e equipamentos hospitalares, são importados do mercado norte-americano”, explica.
Empresas americanas instaladas na Bahia que dependem da importação de insumos também sentirão os efeitos da nova política, podendo rever investimentos e até cortar empregos.
Exportações em queda e desafios à vista
Dados da Fieb mostram que, mesmo antes da nova taxação, os EUA já apresentavam retração como destino das exportações baianas. No primeiro semestre de 2025, o país representou 8,3% do total exportado pelo estado, uma queda de 1,2% em comparação ao mesmo período de 2024.
O valor soma US$ 440 milhões, de um total de US$ 5,1 bilhões, o que representa aproximadamente 1% do PIB baiano.
A nova política americana, portanto, não apenas desafia as estratégias comerciais do estado, mas também coloca em xeque a estabilidade econômica regional, com reflexos diretos no preço dos alimentos, na cadeia produtiva agrícola e na renda dos trabalhadores que atuam em setores voltados à exportação.
Enquanto o cenário global se torna mais instável, o consumidor baiano poderá ser forçado a lidar com os efeitos colaterais de uma guerra tarifária — que, embora travada por governos distantes, é sentida de forma muito próxima na feira, no supermercado e na conta de luz.
Com informações de Correio24horas.