Nova descoberta em Marte vai chocar a humanidade

A busca por vestígios de água em Marte acaba de ganhar um novo capítulo. Um grupo de cientistas que examinou registros sísmicos coletados pela missão InSight, da NASA, afirma ter identificado uma possível reserva de água líquida aprisionada no subsolo marciano.

A camada onde isso estaria ocorrendo fica entre cinco e oito quilômetros abaixo da superfície e apresenta características semelhantes às de aquíferos terrestres.

Segundo os autores da pesquisa, publicada na National Science Review, os dados foram obtidos a partir de três eventos sísmicos registrados entre 2021 e 2022, incluindo o impacto de meteoritos.

As ondas sísmicas, ao atravessarem a crosta do planeta, mostraram comportamento incomum em determinada faixa subterrânea: o sinal desacelerou, indicando a presença de um material diferente das rochas sólidas ao redor — possivelmente poroso e saturado de líquido.

O que os dados indicam

Imagem: ESA/DLR/FU Berlin
Imagem: ESA/DLR/FU Berlin

A análise aponta que essa possível reserva subterrânea de água poderia representar parte significativa do antigo oceano marciano, cuja existência já foi sugerida em estudos anteriores.

Estimativas apontam que a água retida nessa camada poderia recobrir Marte com uma lâmina de 520 a 780 metros de profundidade, número próximo ao que se calcula como “perdido” após o planeta perder grande parte de sua atmosfera e campo magnético.

De acordo com os pesquisadores, a água pode ter se infiltrado por fraturas abertas na superfície durante um período de intenso bombardeio por meteoritos, há bilhões de anos.

Diferentemente da superfície, as profundezas marcianas registram temperaturas mais elevadas, o que pode ter impedido a completa solidificação da água, mantendo-a em estado líquido até hoje.

Importância da descoberta

A detecção de água líquida abaixo da crosta de Marte tem implicações relevantes para duas grandes frentes: a busca por vida extraterrestre e o planejamento de missões humanas ao planeta.

Microrganismos na Terra já foram encontrados vivendo em ambientes subterrâneos semelhantes. Isso amplia as chances de que formas de vida, ainda que microscópicas, possam ter sobrevivido — ou até existir atualmente — em ambientes isolados e úmidos do planeta vizinho.

Além disso, se confirmada, a presença de água em estado líquido pode representar uma vantagem estratégica para missões de longa permanência. A possibilidade de extrair água para consumo, geração de oxigênio e até produção de combustível poderia tornar futuras colônias mais autossuficientes.

Próximos passos e desafios

Apesar do avanço, a confirmação da presença de água líquida em tais profundidades exigirá missões ainda mais sofisticadas. Perfurar até 8 km no subsolo marciano é um desafio técnico sem precedentes.

A equipe sugere o envio de novas sondas, equipadas com sismômetros e brocas especializadas, que possam alcançar essas camadas e coletar dados in loco.

Regiões como Utopia Planitia, conhecida por seu solo rico em lama congelada, também foram destacadas como potenciais candidatas para futuras explorações.

Nesse processo, os cientistas alertam para a necessidade de evitar a contaminação com microrganismos terrestres, o que comprometeria qualquer evidência de vida nativa marciana.

Enquanto isso, as vibrações captadas pela InSight — mesmo após o fim da missão em 2022 — continuam fornecendo material para descobertas.

Os “ecos” de Marte, como definem os pesquisadores, podem estar revelando um dos segredos mais antigos do sistema solar: a permanência de um oceano escondido nas profundezas do planeta vermelho.

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