Nave espacial antiga colide com a Terra e pega NASA desprevenida
Um fragmento da corrida espacial do século passado retornou à Terra na madrugada do sábado (10), encerrando uma trajetória de 53 anos ao redor do planeta.
A cápsula Cosmos 482, lançada pela então União Soviética em 1972 com o objetivo de estudar Vênus, reentrou na atmosfera terrestre e caiu no Oceano Índico, segundo especialistas em rastreamento orbital.
A nave integrava o programa Venera, criado para enviar sondas ao planeta vizinho e compreender suas condições extremas. Porém, devido a uma falha técnica, a missão não conseguiu se direcionar à órbita de Vênus e ficou retida em órbita terrestre desde então.
Projetada para suportar pressões e temperaturas intensas, a cápsula resistiu à reentrada na atmosfera — algo raro entre os objetos espaciais desativados. Com um escudo térmico robusto, a estrutura da Cosmos 482 não se desintegrou, o que reduziu significativamente os riscos de danos em áreas povoadas.
Cresce a preocupação com o lixo espacial
A queda da cápsula reacende o debate sobre o acúmulo de lixo espacial, em um momento de intensa atividade no setor. Empresas privadas e agências governamentais continuam a lançar satélites e naves, o que amplia a quantidade de objetos em órbita e, consequentemente, o risco de colisões ou reentradas descontroladas.
Para mitigar esses riscos, centros de monitoramento espacial ao redor do mundo acompanham milhares de objetos diariamente.
Embora a Cosmos 482 tenha seguido um trajeto previsível, seu retorno mostra a importância de aperfeiçoar os protocolos de segurança, especialmente para equipamentos com potencial de resistir à reentrada.
O que fazer em caso de queda de detrito espacial?
A orientação das autoridades é clara: não tocar em objetos metálicos ou desconhecidos que possam ter vindo do espaço. Além de possíveis resíduos tóxicos, como restos de combustível, esses materiais seguem sendo propriedade do país de origem, conforme determina o Tratado do Espaço Exterior de 1967.
Situações como essa evidenciam os desafios da era espacial atual. Em um cenário em que satélites são essenciais para comunicação, navegação e observação climática, garantir a gestão segura de detritos espaciais torna-se urgente.
A trajetória da Cosmos 482, de símbolo da ambição científica a exemplo dos riscos orbitais, reforça a necessidade de normas internacionais mais rígidas e maior colaboração entre países para manter a segurança de operações dentro e fora da Terra.