Lista com marcas reprovadas de whey protein gera ações na Justiça

A divulgação de uma lista de marcas reprovadas de whey protein pela Associação Brasileira de Alimentos Nutricionais (Abenutri) tem levantado questionamentos sobre transparência e conflitos de interesse na condução dos testes.

Presidida por Marcelo Bella, sócio de uma marca concorrente das empresas reprovadas, a entidade enfrenta acusações de parcialidade e de inconsistências na metodologia utilizada.

Em 2022, 48 marcas foram desqualificadas pela associação por problemas como discrepâncias na quantidade de proteínas declarada nos rótulos.

O levantamento levou a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, a recomendar a retirada desses produtos de nove plataformas de venda online, com prazo estendido até janeiro de 2025. A comercialização em lojas físicas, no entanto, permanece autorizada.

Reação da concorrência

Marcas como Max Titanium, da Supley, e Integralmédica, da BRG Suplementos, contestaram os resultados e entraram com ações judiciais contra a Abenutri. Elas argumentam que a associação carece de autoridade regulatória para realizar análises e apontam a ausência de contraprovas, além de alegarem conflitos de interesse.

“O mercado precisa de maior transparência e rigor científico. A falta de divulgação da metodologia fragiliza os resultados apresentados”, afirmou a BRG em nota.

O processo de análise

De acordo com Bella, os testes de whey protein foram realizados em um laboratório de Goiânia com certificação para esse tipo de análise.

Ele explicou que os produtos foram adquiridos aleatoriamente no mercado e submetidos a uma avaliação de “amino spiking”, técnica que identifica adição de aminoácidos de menor custo para elevar artificialmente os índices de proteína.

Os resultados foram enviados a órgãos como Procons estaduais, vigilâncias sanitárias e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que possuem autoridade de fiscalização. “A Abenutri não tem poder regulatório, apenas realiza as análises técnicas”, disse Bella.

Conflito de interesses

A presidência de Bella, sócio da GDS, empresa dona da marca Black Skull, tem sido um dos pontos mais críticos nas acusações de parcialidade. O empresário, no entanto, nega qualquer interferência no processo. “O trabalho da associação é ético e técnico. Estamos amparados por evidências”, afirmou.

A Brasnutri, outra entidade representativa do setor, contestou a Abenutri, alegando que a associação não segue padrões regulatórios estabelecidos por órgãos competentes.

Outros casos de suplementação

Além do whey protein, a Abenutri reprovou 18 marcas de creatina em outubro deste ano. Entre as aprovadas estava a Soldiers, investigada em outro caso por suspeita de irregularidades na fabricação. Bella explicou que as análises da Abenutri avaliaram lotes adquiridos diretamente do site da marca e não identificaram problemas.

Enquanto as disputas judiciais continuam, as acusações contra a Abenutri e os desdobramentos da testagem mantêm o setor de suplementação nutricional em evidência, destacando a necessidade de maior transparência e regulação no mercado.

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