Las Vegas brasileira: Cassino é liberado em município do Paraná

A cidade de Curitiba, capital do Paraná, abriga uma nova face do mercado de apostas. Instaladas em pontos estratégicos da capital paranaense, as chamadas “betshops” da rede Apostou reproduzem o ambiente de casas de jogos internacionais, operando legalmente graças a uma concessão do governo estadual firmada em 2024.

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Com um contrato de dez anos assinado com a Lottopar, braço da Secretaria de Administração e Previdência do Paraná, a empresa ganhou aval para explorar as videoloterias em solo paranaense.

Embora funcionem sob a aparência de simples estabelecimentos de raspadinhas eletrônicas, os locais operam de forma semelhante aos tradicionais slots — o que já provocou inclusive a visita de policiais militares, que suspeitavam de ilegalidade. Nada foi constatado: o funcionamento está regularizado.

Ambiente simula cassino e rotina confunde lazer com vício

Dentro das unidades da Apostou, a atmosfera lembra o glamour das casas de jogos de Las Vegas, ainda que em versão mais modesta.

Entre luzes vibrantes, telas giratórias e petiscos gratuitos, clientes permanecem por horas diante das máquinas. As apostas podem começar com valores baixos — a partir de R$ 0,25 —, mas os relatos de perdas significativas são frequentes.

Equipamentos confundem até funcionários

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Na teoria, os terminais eletrônicos são classificados como raspadinhas virtuais, auditadas segundo o padrão internacional GLI-14. O jogador supostamente revela um “bilhete” com resultado já definido pelo sistema. Na prática, o funcionamento lembra os caça-níqueis convencionais: símbolos giram em colunas e piscam em caso de combinação “vencedora”, ainda que não haja clareza sobre os critérios.

Além das videoloterias, algumas unidades oferecem jogos similares ao bingo, outro formato proibido nacionalmente desde 2004.

Expansão no Paraná e lucros bilionários

Até agora, já foram abertas unidades da Apostou em cidades como Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Campina Grande do Sul, entre outras. O plano de expansão prevê 5 mil equipamentos até o final de 2025, distribuídos em 80 novas lojas.

A concessão custou R$ 15 milhões e prevê o repasse de apenas 10% da receita ao governo estadual, com outro percentual igual destinado a campanhas de conscientização. O restante — cerca de 80% dos lucros estimados em R$ 7 bilhões — ficará com a concessionária BETPR, que opera a marca.

Governo do estado e Lottopar defendem o modelo

Procurada, a Secretaria de Administração do Paraná não se manifestou. No site oficial da Lottopar, há uma defesa pública da proposta, com elogios ao modelo “consolidado em países da Europa e nos Estados Unidos”.

Uma imagem usada para ilustrar a diferenciação entre videoloteria e caça-níquel, no entanto, mostra dois equipamentos praticamente idênticos, gerando ainda mais dúvidas sobre a transparência do sistema.

O Ministério da Fazenda também foi procurado, mas não respondeu aos questionamentos sobre o embasamento legal das videoloterias estaduais a imprensa.

* Com informações da CartaCapital

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