Jornadas de trabalho existentes no Brasil além do 6×1, que pode encerrar
O debate sobre as jornadas de trabalho no Brasil ganhou força recentemente com a campanha pelo fim da escala 6×1 e a proposta de redução da jornada para 36 horas semanais, sem redução salarial.
Esta discussão reflete uma grande mobilização nas redes sociais e o apoio a movimentos populares e parlamentares que questionam o modelo atual.
A escala 6×1 é um regime de trabalho que permite ao trabalhador apenas um dia de folga semanal após seis dias consecutivos de trabalho. Esse modelo, muito comum no comércio e serviços, visa atender às demandas intensas desses setores, mas gera insatisfação entre os trabalhadores.
A falta de descanso nas finais da semana e o desgaste físico e mental são problemas apontados pelos críticos, que defendem que essa escala é desgastante e afeta a qualidade de vida.
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Principais critérios da escala 6×1
- Trabalha-se seis dias consecutivos com uma folga.
- Não há obrigação de folga aos domingos, o que dificulta o convívio familiar.
- Essa escala é permitida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e está ajustada para somar 44 horas semanais.
A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e o movimento Pela Vida Além do Trabalho , liderado pelo ex-balconista e vereador Rick Azevedo, são vozes ativas na campanha contra esse regime. Eles acreditam que a escala 6×1 é uma “prisão moderna”, inibindo o direito ao lazer e ao desenvolvimento pessoal.
Alternativas e escalas existentes: Do 5×2 ao 4×3
Além do modelo 6×1, outras escalas são obrigatórias no Brasil, com características próprias:
- Escala 5×2: Padrão comum que oferece duas folgas para cinco dias de trabalho, permitindo maior descanso e geralmente com finais de semana livres. É empregado em diversos setores administrativos e profissionais liberais.
- Escala 4×2: Um modelo onde quatro dias de trabalho são seguidos de dois dias de descanso, utilizado em indústrias e setores com turnos intensivos.
- Escala 12×36 : Neste regime, o trabalhador atua por 12 horas seguidas e descansa 36 horas. É popular em áreas como saúde, segurança e serviços de emergência.
- Proposta 4×3: A deputada Erika Hilton propôs a adoção de uma jornada de quatro dias de trabalho por três de descanso, ajustando a carga semanal para 36 horas.
Cada escala tem suas vantagens e desafios. Enquanto o modelo 5×2 proporciona dois dias de descanso, as escalas 12×36 e 4×2 são apreciadas por permitirem pausas mais longas, ou que beneficiam o descanso, mas também excluem jornadas intensas que podem ser cansativas.
A mobilização popular e o apoio nas redes sociais
O movimento liderado por Rick Azevedo conquistou milhões de assinaturas e ganhou apoio de celebridades e influenciadores, que veem a escala 6×1 como um modelo ultrapassado.
Artistas como Luana Piovani expressaram apoio à campanha, enquanto outros, como Léo Picon, criticaram a proposta, apontando que problemas de trânsito e infraestrutura educacional também reduziram para o esgotamento do trabalhador.
O papel do governo e a resposta do Ministério do Trabalho
Embora a proposta de Erika Hilton traga esperança para muitos trabalhadores, o Ministério do Trabalho sugeriu que mudanças como a escala 6×1 e a jornada de 36 horas devem ser definidas por acordos coletivos e convenções trabalhistas, promovendo decisões personalizadas conforme as necessidades de cada setor.
O ministro Luiz Marinho propôs como alternativa a redução gradual da jornada para 40 horas, mas enfatizou a importância de negociações coletivas. O vice-presidente Geraldo Alckmin também destacou que a redução de jornada é uma tendência mundial, à medida que a tecnologia evolui, mas que essa decisão deve ser tomada com cautela.
É possível que, nos próximos anos, vejamos uma adaptação gradual dos modelos de trabalho no Brasil, com novas regulamentações baseadas nas demandas da sociedade e em estudos que comprovem os benefícios de uma jornada mais humana e sustentável.