INSS Sustenta Milhões: 37,5 Milhões de Brasileiros Dependem da Aposentadoria
O INSS desempenha um papel vital na vida de milhões de brasileiros, sendo a principal fonte de sustento para 37,5 milhões de cidadãos. Em meio ao crescimento da expectativa de vida, surge a preocupação sobre como garantir o sustento de uma população tão numerosa durante a aposentadoria.
Em feiras e barracas, como a do bairro Amazonas, em Contagem, na Grande BH, a realidade dos aposentados se revela. Raimundo José dos Santos, um mecânico industrial aposentado de 72 anos, depende dos dois salários mínimos que recebe do INSS para complementar a renda da casa. A venda de roupas fabricadas durante a semana em feiras locais tornou-se uma rotina para garantir algum dinheiro extra. Sem um plano de previdência privada ou investimentos, ele conta com a movimentação das feiras para cobrir os gastos básicos.
Raimundo compartilha a experiência de um longo percurso profissional, de mecânico de carros na Bahia a especialista em lubrificação industrial em plataformas de petróleo. No entanto, a falta de comprovação da insalubridade em seu último emprego resultou em uma aposentadoria que não reflete totalmente sua trajetória profissional. Assim como Raimundo, o soldador João Batista Souza, aos 57 anos, não possui recursos guardados ou um plano de previdência privada. Ele antecipa sua aposentadoria para daqui a oito anos e dependerá exclusivamente do INSS.
As regras atuais para aposentadoria pelo INSS, estabelecidas pela Reforma da Previdência em 2019, impõem requisitos específicos. Homens precisam ter no mínimo 65 anos de idade e 15 de contribuição, enquanto mulheres devem ter pelo menos 62 anos e 15 de contribuição. Para trabalhadores rurais, a idade mínima é reduzida para 60 anos (homens) e 55 anos (mulheres).
Os recursos da previdência beneficiam 37,5 milhões de brasileiros, sendo que 22 milhões recebem pelo regime geral, o que representa um desembolso anual de R$ 48,7 bilhões pelo INSS. No entanto, 90% dos aposentados dependem exclusivamente desses recursos. A necessidade de ganhos extras leva muitos a buscar trabalhos informais ou depender da ajuda de familiares.
Especialistas financeiros enfatizam a importância do planejamento para garantir uma aposentadoria confortável. Contudo, para muitos trabalhadores, especialmente aqueles que veem a aposentadoria se aproximar sem terem acumulado uma reserva significativa, as alternativas são limitadas. Guilherme Leão, Presidente do Conselho de Economia da ACMinas e presidente da Mais Previdência, alerta sobre a escassez de possibilidades para formar uma reserva significativa sem um planejamento prévio.
Um levantamento da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) destaca que 51% dos brasileiros não aposentados estimam depender da previdência social para o sustento. Apenas 18% dos trabalhadores afirmam ter condições de fazer reservas para a aposentadoria, e um terço desses pertence às classes A e B.
Para quem já tem uma trajetória longa em uma empresa, uma opção seria utilizar uma eventual rescisão para adquirir um título de previdência privada. No entanto, esse cenário envolve riscos, e especialistas recomendam avaliação cuidadosa antes de optar por essa estratégia.
Dicas para a aposentadoria complementar incluem contar com um especialista credenciado para gerir os recursos, estudar as opções disponíveis, evitar investimentos da moda, ficar atento a golpes e conhecer os diferentes planos de previdência privada. Alternativas como os planos de aposentadoria do Tesouro Nacional e a atenção ao imposto de renda são discutidas como estratégias para criar uma reserva adicional.
O INSS, criado em 1990, enfrenta desafios crescentes devido ao aumento da expectativa de vida e à redução da natalidade. As propostas de reforma visam evitar um colapso do sistema de previdência, propondo o prolongamento da idade mínima de aposentadoria, a redução do valor médio e do teto dos benefícios, e o aumento do tempo de contribuição. Em um cenário onde a dependência do INSS é uma realidade para milhões, as perspectivas futuras apontam para a necessidade de soluções efetivas para garantir o sustento digno dos aposentados brasileiros.