‘Imposto do Pix’: Governo reage a fake news com campanha de esclarecimento
Na quarta-feira (15), o governo federal decidiu revogar a norma da Receita Federal que determinava o monitoramento de movimentações financeiras, incluindo o Pix e outros meios, como cartão de crédito.
A medida foi anunciada após uma forte repercussão negativa, impulsionada por notícias falsas que sugeriam uma possível taxação de transações.
A decisão foi confirmada pelo secretário da Receita Federal, Robison Barreirinhas, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto nesta quarta-feira.
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Contexto e impacto inicial
A norma previa que a Receita recebesse dados de transações financeiras realizadas por operadoras de cartão, fintechs e carteiras digitais, desde que superassem R$ 5 mil por mês para pessoas físicas, algo que antes era restrito aos bancos tradicionais. A intenção declarada era aprimorar o combate a crimes financeiros.
No entanto, o anúncio provocou confusão e abriu espaço para a disseminação de desinformação. Algumas mensagens falsas, propagadas até mesmo por líderes políticos, levaram à queda no volume de transações via Pix. Além disso, golpistas se aproveitaram da situação para aplicar fraudes nos usuários do sistema de pagamento.
Fake news do ‘imposto sobre Pix’ atinge milhões nas redes e Secom reage
Antes da decisão de revogar a norma, fake news relacionadas à suposta taxação de transferências pelo Pix tornaram-se um dos maiores desafios para a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) na gestão do governo Lula (PT).
Um levantamento divulgado pelo jornal O Globo indicou que postagens críticas sobre o tema alcançaram 25 milhões de visualizações em uma única semana. Essa desinformação, que distorce a fiscalização da Receita Federal sobre movimentações financeiras, foi amplificada por políticos da oposição, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o senador Nikolas Ferreira (PL-MG).
Assumindo oficialmente o comando da Secom nesta terça-feira (14), Sidônio Palmeira enfrenta um cenário marcado pela disseminação de notícias falsas. Para combater o problema, a secretaria prepara uma campanha em parceria com agências como Calia, Nacional, Propeg e Nova.
Palmeira destacou a necessidade de agir com rapidez e criatividade: “Não podemos deixar a fake news entrar sozinha. Primeiro, você precisa passar verdade e depois desfazer a mentira”, afirmou.
Origem da desinformação
A confusão começou após a Receita Federal anunciar que instituições de pagamento deverão informar transações acima de R$ 5 mil mensais realizadas por pessoas físicas. A medida abrange várias operações financeiras, incluindo TEDs, saques e depósitos.
Contudo, figuras da oposição distorceram a medida, como no caso de Flávio Bolsonaro, que alegou que a decisão “acaba com o sigilo bancário em todo o Brasil”.
Para conter o avanço da desinformação, o presidente Lula gravou um vídeo desmentindo os boatos. No vídeo, em tom descontraído, ele realizou uma transferência via Pix para a Arena Corinthians, ironizando a ideia de uma possível taxação.
A gravação, idealizada pela primeira-dama Janja da Silva, já soma 14,9 milhões de visualizações. Paralelamente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), classificou as alegações como falsas e prejudiciais ao debate público e à democracia.
Estratégias da oposição
Especialistas apontam que a oposição bolsonarista usa temas relacionados a impostos e arrecadação para criar terreno fértil na disseminação de desinformação. Segundo Marco Aurélio Ruediger, diretor da Escola de Comunicação da FGV, esse tipo de abordagem dificulta a conexão do governo com certos grupos da sociedade.
Casos recentes reforçam o padrão de propagação de fake news, como as informações inverídicas sobre o uso de recursos públicos em um show da cantora Madonna no Rio de Janeiro e as falsas acusações envolvendo a atuação do governo nas enchentes no Rio Grande do Sul.
Desafios para a Secom
Em meio a esse ambiente, Sidônio Palmeira inicia sua gestão com a missão de fortalecer a comunicação institucional e proteger o governo de campanhas de desinformação. A estratégia inclui respostas rápidas, campanhas educativas e a defesa da regulação das redes sociais para conter a proliferação de conteúdos falsos.
Diante da polarização e do crescimento da circulação de fake news, a atuação da Secom será determinante para preservar a imagem do governo e promover um debate público mais transparente e informado.