Governo Brasileiro prepara retaliação aos Estados Unidos após sofrer tarifaço de Trump

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (2), por 300 votos a favor e 92 contrários, a proposta que cria a Lei de Reciprocidade Econômica. A medida permite ao governo federal adotar respostas comerciais, como a suspensão de concessões e investimentos, quando outros países ou blocos econômicos impuserem barreiras que prejudiquem a competitividade do Brasil.

Aprovado um dia antes no Senado Federal, o projeto agora aguarda sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para entrar em vigor. A legislação tem como pano de fundo a reação a medidas adotadas por governos estrangeiros, como o chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos durante a gestão do ex-presidente Donald Trump.

As tarifas, que variam de 10% a 50%, passaram a incidir sobre produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano — ainda que, no caso do Brasil, com alíquotas no patamar mais baixo.

A nova legislação permite ao Brasil aplicar medidas semelhantes de forma proporcional, respeitando os princípios de reciprocidade comercial e de defesa dos interesses econômicos nacionais.

Amplo apoio político, com exceções

A proposta contou com o apoio da maioria das bancadas partidárias, tendo o Partido Novo como única legenda contrária em bloco. No entanto, apesar da orientação da liderança, 92 parlamentares votaram contra. O Partido Liberal (PL) foi o que registrou o maior número de dissidências: 62 deputados da sigla votaram contra o projeto.

A lista de parlamentares que se opuseram à medida inclui nomes como Bia Kicis (PL-DF), Nikolas Ferreira (PL-MG), Carlos Jordy (PL-RJ) e General Pazuello (PL-RJ), além de representantes de outros partidos como União Brasil, PP e MDB. A votação revelou divisões internas em legendas que, oficialmente, apoiaram o texto.

Veja os deputados federais que votaram contra o projeto de lei da reciprocidade econômica

  1. Alberto Fraga (PL-DF)
  2. Alfredo Gaspar (União-AL)
  3. André Fernandes (PL-CE)
  4. André Ferreira (PL-PE)
  5. Any Ortiz (Cidadania-RS)
  6. Bia Kicis (PL-DF)
  7. Capitão Augusto (PL-SP)
  8. Carla Dickson (União-RN)
  9. Carlos Jordy (PL-RJ)
  10. Caroline de Toni (PL-SC)
  11. Cel. Chrisóstomo (PL-RO)
  12. Chris Tonietto (PL-RJ)
  13. Clarissa Tércio (PP-PE)
  14. Coronel Assis (União-MT)
  15. Coronel Fernanda (PL-MT)
  16. Coronel Meira (PL-PE)
  17. Coronel Ulysses (União-AC)
  18. Daniel Agrobom (PL-GO)
  19. Daniela Reinehr (PL-SC)
  20. David Soares (União-SP)
  21. Dayany Bittencourt (União-CE)
  22. Del. Éder Mauro (PL-PA)
  23. Del. Fabio Costa (PP-AL)
  24. Delegado Bilynskyj (PL-SP)
  25. Delegado Caveira (PL-PA)
  26. Delegado Palumbo (MDB-SP)
  27. Domingos Sávio (PL-MG)
  28. Dr. Frederico (PRD-MG)
  29. Dr. Jaziel (PL-CE)
  30. Eduardo Velloso (União-AC)
  31. Eli Borges (PL-TO)
  32. Emidinho Madeira (PL-MG)
  33. Eros Biondini (PL-MG)
  34. Evair de Melo (PP-ES)
  35. Felipe Francischin (União-PR)
  36. Fernando Rodolfo (PL-PE)
  37. Filipe Martins (PL-TO)
  38. General Pazuello (PL-RJ)
  39. Giacobo (PL-PR)
  40. Giovani Cherini (PL-RS)
  41. Glaustin da Fokus (Podemos-GO)
  42. Gustavo Gayer (PL-GO)
  43. Helio Lopes (PL-RJ)
  44. Ismael (PSD-SC)
  45. Jefferson Campos (PL-SP)
  46. Joaquim Passarinho (PL-PA)
  47. José Medeiros (PL-MT)
  48. Junio Amaral (PL-MG)
  49. Lincoln Portela (PL-MG)
  50. Luiz F. Vampiro (MDB-SC)
  51. Luiz Lima (PL-RJ)
  52. Luiz P.O Bragança (PL-SP)
  53. Magda Mofatto (PRD-GO)
  54. Marcelo Álvaro (PL-MG)
  55. Marcelo Moraes (PL-RS)
  56. Marcio Alvino (PL-SP)
  57. Marcos Pollon (PL-MS)
  58. Mario Frias (PL-SP)
  59. Marx Beltrão (PP-AL)
  60. Mauricio Marcon (Podemos-RS)
  61. Mauricio do Vôlei (PL-MG)
  62. Mendonça Filho (União-PE)
  63. Messias Donato (Republican-ES)
  64. Miguel Lombardi (PL-SP)
  65. Mis. José Olimpio (PL-SP)
  66. Nelson Barbudo (PL-MT)
  67. Nikolas Ferreira (PL-MG)
  68. Osmar Terra (MDB-RS)
  69. Padovani (União-PR)
  70. Pastor Eurico (PL-PE)
  71. Pastor Gil (PL-MA)
  72. Paulinho da Força (Solidaried-SP)
  73. Paulo Freire Costa (PL-SP)
  74. Pezenti (MDB-SC)
  75. Professor Alcides (PL-GO)
  76. Reinhold Stephanes (PSD-PR)
  77. Ricardo Guidi (PL-SC)
  78. Roberta Roma (PL-BA)
  79. Roberto Monteiro (PL-RJ)
  80. Rodolfo Nogueira (PL-MS)
  81. Rodrigo Estacho (PSD-PR)
  82. Rodrigo Valadares (União-SE)
  83. Rodrigo da Zaeli (PL-MT)
  84. Rosana Valle (PL-SP)
  85. Sanderson (PL-RS)
  86. Sargento Fahur (PSD-PR)
  87. Sgt. Gonçalves (PL-RN)
  88. Soraya Santos (PL-RJ)
  89. Sóstenes Cavalcant (PL-RJ)
  90. Wellington Roberto (PL-PB)
  91. Zé Trovão (PL-SC)
  92. Zucco (PL-RS)

O que diz a Lei de Reciprocidade Econômica

Na prática, o projeto dá respaldo legal ao governo para responder a práticas comerciais restritivas adotadas por outras nações. Com isso, o Brasil poderá adotar medidas compensatórias, como o congelamento de investimentos bilaterais, alteração em tarifas de importação e revisão de acordos de cooperação.

O objetivo é criar um mecanismo de defesa da economia nacional diante de práticas consideradas desleais, protegendo setores produtivos e promovendo equilíbrio nas relações comerciais internacionais.

Próximos passos

Com a aprovação nas duas casas do Congresso Nacional, o texto segue agora para análise do presidente da República.

Caso sancionado, a Lei de Reciprocidade Econômica passará a integrar o conjunto de instrumentos disponíveis ao Ministério das Relações Exteriores e à Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços para lidar com disputas e tensões comerciais no cenário global.

A proposta também é vista como um sinal político de que o Brasil busca atuar de forma mais assertiva no comércio internacional, especialmente em momentos de crescente protecionismo por parte de grandes economias.

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