Funcionários do Banco do Brasil recebem a pior notícia dos últimos anos
O fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BBAS3), administrado pela Previ, encerrou 2024 com um déficit de R$ 3,16 bilhões. O resultado representa a pior marca desde 2017 e interrompe uma sequência positiva registrada nos últimos dois anos. Em 2023, o fundo havia reportado um superávit de R$ 14,5 bilhões.
Em nota, a Previ atribuiu o desempenho negativo às oscilações do mercado financeiro e ao impacto direto na rentabilidade da carteira de investimentos.
Apesar disso, a entidade reforçou que o Plano 1 segue sólido e que os benefícios para seus mais de 106 mil associados, a maioria aposentados e pensionistas, estão garantidos.
Renda variável pressiona resultados

A principal causa do déficit foi a desvalorização da carteira de renda variável, que registrou um retorno negativo de 12%, representando uma perda de R$ 7,9 bilhões ao longo do ano. Segundo a Previ, esse comportamento reflete a volatilidade do mercado financeiro e está dentro do contexto conjuntural da economia brasileira.
“Esse tipo de oscilação faz parte da dinâmica do mercado, mas nossa estratégia é voltada para o longo prazo”, afirmou a entidade.
Apesar do déficit anual, o início de 2025 trouxe um alívio parcial: em janeiro, o Plano 1 registrou um superávit de R$ 1,3 bilhão, indicando uma recuperação do patrimônio total, que soma aproximadamente R$ 240 bilhões.
Exposição à Vale influencia desempenho
A Previ detém mais de 10% da Vale (VALE3) e mantém a mineradora como um dos principais ativos do portfólio de renda variável do Plano 1. No entanto, a desvalorização de 23% nas ações da companhia em 2024 impactou diretamente os resultados. Atualmente, a Vale representa 42% da carteira de renda variável do fundo.
O diretor de investimentos da Previ, Cláudio Gonçalves, reconheceu que a concentração na mineradora tem sido reduzida nos últimos anos, mas ponderou que a venda de ativos precisa ocorrer no momento certo. “Não faz sentido vender Vale ao preço atual, considerando os dividendos que a empresa distribui e sua solidez financeira”, explicou.
Desde 2012, a Previ tem promovido um ajuste gradual na composição dos investimentos, diminuindo a exposição à renda variável e ampliando a participação da renda fixa.
Em 2024, a entidade adquiriu R$ 12 bilhões em títulos NTN-B, que oferecem taxas de juros acima da meta atuarial, e alienou participações em 57 empresas.
Atualmente, 64% do patrimônio do Plano 1 está alocado em renda fixa, enquanto 26% permanece em renda variável.
Sustentabilidade dos pagamentos e auditoria do TCU
Apesar do resultado abaixo das expectativas, a Previ garantiu que sua política de caixa mínimo assegura liquidez suficiente para manter o pagamento dos benefícios sem necessidade de venda emergencial de ativos. Em 2024, foram desembolsados R$ 16,5 bilhões em pagamentos aos beneficiários.
O desempenho do fundo chamou a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU), que enviou auditores à sede da Previ para avaliar as decisões de gestão que levaram ao déficit bilionário. A entidade ainda não se pronunciou sobre o andamento das apurações.
A Previ segue monitorando o cenário econômico e ajustando sua estratégia para garantir a sustentabilidade dos planos e preservar os interesses de seus participantes.