Ficamos chocados com essa nova bactéria descoberta no espaço
Um grupo de cientistas anunciou a descoberta de uma nova espécie bacteriana presente somente na Estação Espacial chinesa Tiangong.
A pesquisa, publicada em março por um periódico da Sociedade Internacional de Microbiologia, revelou o microrganismo que recebeu o nome de Niallia tiangongensis, em referência à estação onde foi coletada a amostra.
O micróbio foi isolado a partir de amostras retiradas da superfície interna da estação espacial, e surpreende por suas características que diferem das conhecidas versões terrestres do gênero Niallia, comum no solo.
Enquanto a espécie mais estudada, a Niallia circulans, está associada a infecções cutâneas, a nova bactéria apresenta funções metabólicas diferenciadas e potencialmente benéficas.
Entre suas capacidades, a Niallia tiangongensis consegue decompor gelatina, utilizando-a como fonte tanto de carbono quanto de nitrogênio. Além disso, a bactéria demonstra uma habilidade aprimorada na formação de biofilmes, estruturas complexas que promovem a proteção coletiva de microrganismos.
Ainda não está definido se essa espécie desenvolveu mutações específicas durante sua permanência no ambiente espacial, onde a exposição à radiação e à microgravidade impõe desafios únicos.
Uma hipótese sugere que o ambiente da estação favoreceu mutações que ampliaram a resistência da bactéria ao estresse oxidativo, facilitando a autorreparação de danos celulares — uma adaptação valiosa para sobreviver fora do planeta Terra.
Lançado em 2021, o módulo central da Tiangong é o coração da estação espacial chinesa. Periodicamente, taikonautas — termo usado para astronautas chineses — viajam à órbita para realizar experimentos e coletar amostras, como foi o caso que resultou na identificação da nova bactéria.
Contexto de descobertas bacterianas no espaço
Conforme relatado pelo portal científico IFLScience, a descoberta de bactérias mutantes em ambientes espaciais não é incomum.
Na Estação Espacial Internacional (ISS), por exemplo, cinco cepas relacionadas à bactéria patogênica Enterobacter bugandensis foram encontradas em 2018. Em 2024, novas variantes genéticas desse microrganismo foram detectadas, distintas das formas terrestres.
Estudos sobre a evolução microbiana em ambientes espaciais são fundamentais para garantir a saúde de astronautas, taikonautas e cosmonautas, além de ajudar a compreender como organismos podem se adaptar a condições extremas.
Além disso, essas pesquisas têm impacto direto na Terra, pois as mutações observadas podem revelar vulnerabilidades de bactérias patogênicas que ameaçam a saúde humana.