Especialista revela se apenas seu CPF é necessário para aplicar golpes
O avanço da digitalização trouxe inúmeras facilidades, mas também aumentou os desafios relacionados à segurança de dados pessoais. O receio de ter informações expostas a golpistas cresce à medida que novas fraudes surgem, explorando brechas em sistemas e descuidos dos usuários.
Em meio a esse cenário, o Dia Internacional da Proteção de Dados Pessoais, que foi celebrado nesta terça-feira (28), reforça a necessidade de adotar medidas para resguardar informações sensíveis, como o CPF, um dos alvos mais comuns de criminosos virtuais.
No Brasil, a segurança dessas informações está respaldada pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), instituída pela Lei nº 13.709/2018.
O que pode acontecer se seu CPF cair em mãos erradas?
Apesar de ser apenas um número, o CPF pode ser explorado em diversas fraudes, especialmente em plataformas com sistemas de validação deficientes.
Luiz Fernando Plastino, advogado especializado em direito digital e membro da Associação Internacional de Profissionais de Privacidade (IAPP), explica que o documento, isoladamente, não é suficiente para golpes sofisticados, mas pode facilitar cadastros fraudulentos e até compras indevidas.
“Muitas empresas ainda utilizam apenas o CPF como critério de identificação, sem exigir comprovações adicionais. Isso facilita a ação de criminosos, que podem usar esses dados para efetuar transações ou abrir contas falsas”, alerta o especialista ao portal Tempo.
No entanto, ele destaca que tem se tornado mais fácil para os consumidores contestar essas fraudes, o que força as empresas a adotarem práticas mais rigorosas de verificação.
Cuidados essenciais para evitar fraudes
A proteção de informações pessoais depende de hábitos preventivos. Entre as principais recomendações estão:
- Verifique a autenticidade das solicitações de dados: Antes de fornecer informações em sites ou e-mails, confirme se a origem é legítima. Muitos golpes envolvem phishing, em que criminosos se passam por empresas confiáveis para obter dados sensíveis.
- Evite compartilhar dados sem necessidade: Sempre questione por que determinada informação está sendo solicitada e como será utilizada. “Muitas pessoas fornecem dados sem refletir sobre as implicações futuras”, alerta Plastino.
- Monitore vazamentos de informações: Ferramentas online permitem checar se seus dados foram comprometidos em ataques cibernéticos. Empresas também costumam notificar clientes sobre incidentes de segurança.
- Utilize o Registrato: Disponibilizado pelo Banco Central, o serviço permite verificar se há empréstimos ou financiamentos registrados em seu nome indevidamente, possibilitando contestação rápida.
O caso do escaneamento de íris e o risco da biometria
Recentemente, um episódio reacendeu o debate sobre privacidade digital. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinou que a empresa Tools for Humanity (TfH) suspendesse a coleta de biometria ocular em troca de criptomoedas, um projeto associado a Sam Altman, criador do ChatGPT. A decisão ocorreu diante das preocupações com o destino dessas informações e a possibilidade de uso indevido.
“Muitas pessoas focam apenas no benefício imediato, mas não pensam nas implicações a longo prazo. Depois que os dados são entregues, é difícil garantir como serão utilizados no futuro”, alerta Plastino.
A crescente digitalização exige maior conscientização sobre segurança de dados, tanto por parte dos usuários quanto das empresas. Adotar práticas preventivas e se manter informado sobre direitos e ferramentas de proteção pode fazer a diferença na defesa contra fraudes e vazamentos de informações pessoais.