Entenda o motivo do preço do ovo estar tão caro nos supermercados
O preço dos ovos registrou alta expressiva no mês de fevereiro, impulsionado por fatores como sazonalidade, custos de produção elevados e condições climáticas adversas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o produto teve um reajuste de 15,4%, tornando-se um dos itens que mais pressionaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o aumento costuma ocorrer no início do ano, especialmente devido à demanda elevada durante a Quaresma, quando o consumo de ovos e carnes brancas substitui a carne vermelha.
No entanto, o setor enfrenta um cenário atípico em 2025, com aumento dos custos de insumos e impactos do calor extremo na produção.
Custos de produção em alta
A ABPA aponta que o preço do milho, principal componente da rção das aves, acumula uma alta superior a 40% desde março de 2024. Além disso, temperaturas elevadas nas regiões produtoras afetaram a produtividade das poedeiras, com queda estimada em 10%. Outro fator relevante foi o descarte de matrizes mais velhas, que reduz a oferta no mercado interno.
Em pronunciamento recente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou o aumento no preço do produto e indicou a possibilidade de medidas para conter a alta dos alimentos. Durante evento em Minas Gerais, o presidente afirmou que busca compreender os fatores que estão impulsionando os preços e citou a influência de intermediários no mercado.
Mercado atacadista acompanha reajustes
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP) acompanha os valores praticados no atacado e identificou uma valorizacão expressiva no início do ano.
Em Bastos (SP), principal polo produtor do estado, a caixa com 30 dúzas de ovos brancos do tipo extra chegou a uma média de R$ 201,77 em fevereiro, um aumento de 42% em relação ao mês anterior.
A analista do setor, Claudia Scarpelin, destaca que a oferta reduzida no mercado interno foi um dos principais fatores para a alta. Em 2024, os preços do ovo passaram por seis meses consecutivos de queda, enquanto os custos de produção seguiam elevados. Agora, a menor disponibilidade de produto impulsiona os reajustes.
Para os próximos meses, a tendência dos preços dependerá do equilíbrio entre oferta e demanda. Com o fim da Quaresma, o consumo pode se estabilizar, o que pode reduzir a pressão sobre os valores praticados no mercado.
Exportação segue em crescimento
O Brasil ocupa a quinta posição no ranking mundial de produção de ovos, com estimativa de 59 bilhões de unidades em 2025. O consumo interno também segue em alta, com média projetada de 272 ovos per capita neste ano.
Em fevereiro, as exportações brasileiras do produto cresceram 57,5%, totalizando 2.527 toneladas. Os Emirados Árabes Unidos lideram a lista dos maiores compradores, seguidos por Estados Unidos, Chile, México, Japão e Angola.
Apesar do crescimento no mercado externo, a ABPA ressalta que apenas 0,9% da produção nacional é destinada à exportação, sem impactos significativos sobre os preços internos.
Diante desse cenário, o setor produtivo busca medidas para reduzir custos, como a revisão de tarifas de insumos importados para ração, e segue monitorando os impactos das condições climáticas na produção nacional.
* Com informações da Agência Brasil.