É chocante saber como Veneza não afunda mesmo com inundações

Veneza, a icônica cidade italiana, está enfrentando um desafio cada vez mais urgente: como sobreviver às inundações que estão se tornando cada vez mais frequentes e severas.

Em novembro de 2019, a cidade experimentou suas piores inundações em meio século, com a Praça de São Marcos submersa e ondas de 2 metros de altura ameaçando danificar permanentemente a histórica Basílica de São Marcos.

Com o aumento do nível do mar impulsionado pelas mudanças climáticas, a questão de como Veneza consegue resistir a essas condições adversas, sem afundar, chama a atenção mundial.

Veneza
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Os fatores que tornam Veneza propensa às inundações

Veneza está situada em uma lagoa pantanosa e rasa, na borda do Mar Adriático, o que a torna particularmente vulnerável às variações do nível do mar e às marés sazonais. Historicamente, a cidade lidou com inundações periódicas conhecidas como “acqua alta”, mas a frequência e a intensidade desses eventos aumentaram drasticamente nas últimas décadas.

A cidade, construída sobre terreno macio e em constante movimento, afunda aproximadamente um milímetro por ano. Além disso, o nível do mar ao redor de Veneza subiu cerca de 20 centímetros no último século devido às mudanças climáticas.

Outro fator que agrava a situação é a escavação do Canale dei Petroli nos anos 60, que comprometeu as ilhas-barreira que protegiam Veneza das marés.

Esta intervenção, aliada aos ventos de Scirocco que empurram a água do sudeste para a lagoa, contribui para as inundações severas que a cidade enfrenta atualmente. Essas condições criam uma combinação perigosa que coloca Veneza em constante risco de submersão.

Soluções para preservar Veneza das inundações

O MOSE, um projeto de 78 comportas submersas, foi concebido como uma solução para proteger Veneza das marés altas. Iniciado em 2003, o projeto prometia selar a lagoa das inundações em questão de minutos.

No entanto, o MOSE foi atormentado por atrasos, escândalos de corrupção e preocupações com sua eficácia a longo prazo. Mesmo que o projeto seja concluído, há dúvidas se ele realmente protegerá a cidade sem causar impactos ambientais adversos, como a poluição e a alteração dos fluxos de esgoto.

Diante dessas incertezas, especialistas sugerem que Veneza adote uma abordagem mais natural para se proteger das inundações. Isso inclui a restauração das ilhas-barreira, a cessação de atividades industriais que exigem a dragagem da lagoa e a adoção de métodos de gestão da água semelhantes aos utilizados na Holanda, que privilegiam a convivência com a água em vez de combatê-la.

Essas estratégias visam restaurar o equilíbrio entre a cidade e seu ambiente natural, garantindo a preservação de Veneza para as futuras gerações.

Veneza, uma cidade que parece desafiar as leis da natureza, continua sua luta contra as inundações crescentes. Embora o MOSE ofereça uma solução temporária, é crucial que a cidade invista em abordagens sustentáveis a longo prazo para manter sua integridade e herança cultural.

A resistência de Veneza diante de adversidades tão grandes é um testemunho da engenhosidade humana, mas sua sobrevivência futura depende de ações que harmonizem a relação entre a cidade, a lagoa e o mar.

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