Direita vai barrar o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem recebe R$ 5.000?

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (23) que está confiante na aprovação, pelo Congresso Nacional, da proposta que isenta do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) os trabalhadores com rendimento mensal de até R$ 5 mil.

A medida faz parte do projeto encaminhado pelo governo nesta semana e ainda precisa passar por análise dos parlamentares.

Mudança na tributação

Haddad destacou que a proposta não resultará em aumento de impostos, mas sim em uma redistribuição da carga tributária. “Você simplesmente troca de mão: cobra de quem hoje não paga e isenta quem está pagando além da conta”, explicou o ministro durante entrevista ao programa Bom Dia Ministro, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

Se aprovada, a medida entrará em vigor a partir de 2026, pois o Imposto de Renda sempre incide sobre os rendimentos do ano anterior, conhecido como ano-base.

Impacto na população

O governo estima que a nova faixa de isenção beneficiará cerca de 10 milhões de brasileiros, elevando o percentual de contribuintes isentos de 16,5 milhões para 26 milhões. A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) indicou que o percentual de isentos subiria para 58,2%.

Para compensar a isenção, o governo propõe que contribuintes com rendimento superior a R$ 600 mil anuais passem a pagar até 10% sobre a renda total. A medida afeta cerca de 141 mil brasileiros na faixa de maior renda.

Repercussão política

Haddad afirmou que a medida tem amplo apoio e criticou a falta de avanço em governos anteriores. “Até o ex-presidente Jair Bolsonaro prometeu isentar quem ganha até R$ 5 mil, mas não cumpriu”, declarou.

Ele também questionou se haveria oposição à medida: “Não consigo enxergar alguém da extrema-direita justificando a cobrança de imposto sobre quem ganha R$ 5 mil por mês”.

Banco Central e inflação

Na mesma entrevista, Haddad comentou sobre a política monetária e a transição no comando do Banco Central (BC). Ele destacou que a mudança de direção da autarquia ocorre de forma gradual, pois ainda há dois diretores indicados pelo governo anterior. “Na verdade, essa transição não dura dois anos, mas um período ainda maior”, afirmou.

O ministro também criticou a tese de que o controle da inflação exige recessão econômica. “Não acredito que seja necessário reduzir o crescimento do país para conter a inflação”, argumentou.

Ele defendeu um modelo econômico equilibrado, que permita um crescimento sustentável, sem impactos negativos no mercado de trabalho.

Pesquisas e avaliação do governo

Haddad minimizou o impacto de uma pesquisa da Genial/Quaest, que indicou queda na aprovação de sua gestão, de 41% para 10% entre economistas e analistas de fundos de investimento. “Foram ouvidas apenas 106 pessoas, um número que não pode ser considerado representativo”, pontuou.

Próximos passos

A proposta de isenção do Imposto de Renda segue para discussão no Congresso Nacional. O governo articula com parlamentares para acelerar a tramitação e garantir que a medida entre em vigor conforme o previsto. A expectativa é que a análise avance nas próximas semanas.

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