Descoberta em planeta que era conhecido como comum deixa todos surpresos

Novas observações indicam que o exoplaneta Enaiposha, também conhecido como GJ 1214 b, pode não ser um mini-Netuno, como se acreditava anteriormente, mas sim um “Super-Vênus” – uma classificação ainda inédita. O exoplaneta orbita uma estrela anã vermelha a cerca de 47 anos-luz da Terra e apresenta características atmosféricas que intrigam os cientistas.

Descoberto em 2009 e com estrutura única

Com massa e raio intermediários entre os da Terra e de Netuno, o Enaiposha possui uma atmosfera extremamente densa, dificultando sua análise detalhada. Contudo, observações recentes feitas com o telescópio James Webb (JWST) e o Hubble revelaram novos dados que mudam a perspectiva sobre o planeta.

Inicialmente, estudos publicados em 2023 na revista Nature sugeriam que a atmosfera de Enaiposha era rica em vapor d’água e metais vaporizados. No entanto, pesquisas mais recentes lideradas pelos astrônomos Everett Schlawin, da Universidade do Arizona, e Kazumasa Ohno, do Observatório Astronômico Nacional do Japão (NAOJ), revelaram um cenário ainda mais complexo.

Dióxido de carbono em alta concentração

Durante o trânsito de Enaiposha – quando o exoplaneta passa em frente à sua estrela, alterando a luz estelar que atravessa sua atmosfera – foi detectada a presença de dióxido de carbono em níveis elevados.

Esses dados, captados pelo JWST, indicam que o CO2 compõe grande parte da atmosfera, em proporções semelhantes às encontradas em Vênus, onde mais de 96% da composição atmosférica é de dióxido de carbono.

“O sinal detectado de CO2 no primeiro estudo foi muito pequeno, exigindo uma análise estatística detalhada para confirmar sua validade”, explicou Ohno em um comunicado oficial do NAOJ. Ele acrescenta que compreender a verdadeira natureza da atmosfera também envolveu modelagem física e química avançada.

Uma atmosfera densa e desafiadora

Os novos modelos sugerem que a atmosfera de Enaiposha é dominada por metais em altitudes mais baixas, enquanto camadas superiores contêm névoa densa, rica em aerossóis e pequenas quantidades de hidrogênio.

Essa estrutura atmosférica reforça a ideia de que o planeta se assemelha mais a um Super-Vênus do que a um mini-Netuno.

A densa camada de carbono dificulta análises diretas, mas as evidências apontam para um ambiente extremamente quente e opaco. “Esse perfil atmosférico desafia nossa compreensão convencional sobre a formação e evolução de planetas sub-Netunos”, destacam os pesquisadores.

Necessidade de novas observações

Embora os dados coletados sejam promissores, os cientistas enfatizam que o sinal atmosférico ainda é fraco e requer análises mais detalhadas. Estudos futuros com tecnologias mais precisas serão essenciais para confirmar a composição atmosférica de Enaiposha e validar sua classificação como “Super-Vênus”.

As descobertas trazem novas questões sobre como planetas intermediários entre a Terra e Netuno evoluem e se adaptam a condições extremas.

Além disso, reforçam a importância do uso de telescópios avançados como o JWST para expandir nosso conhecimento sobre sistemas planetários fora do Sistema Solar.

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