Correios vai tomar atitude drástica e funcionários estão desesperados
Em resposta a um dos maiores déficits de sua história recente, os Correios divulgaram um pacote de medidas que visa conter os gastos e reestruturar a operação da estatal.
A empresa registrou prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, valor quatro vezes maior do que o registrado em 2023. Para 2025, a expectativa é economizar R$ 1,5 bilhão com o plano anunciado.
Entre as principais mudanças estão a redução da jornada de trabalho, a suspensão temporária de férias e o retorno integral ao regime presencial. As ações impactam diretamente os cerca de 86 mil empregados da companhia e foram comunicadas por meio de um documento interno, ao qual o g1 teve acesso.
“Estamos diante de um cenário desafiador. Reduzir despesas é uma necessidade urgente”, afirma o comunicado oficial da empresa.
A estatal busca apoio dos funcionários para implementar as alterações. Segundo o documento, a contribuição de cada colaborador será fundamental para a superação da crise.
Medidas anunciadas pelos Correios

As ações integram uma ampla estratégia de contenção de despesas, com previsão de implantação ao longo do segundo semestre de 2025. Veja os principais pontos:
- Reorganização da sede: corte de pelo menos 20% nos cargos comissionados;
- Redução de jornada: adoção de 6 horas diárias (34 horas semanais) em vez das atuais 8 horas diárias (44 semanais);
- Suspensão das férias: bloqueio do gozo de férias a partir de 1º de junho de 2025, com retorno previsto para janeiro de 2026;
- Prorrogação do Programa de Desligamento Voluntário (PDV): inscrições prorrogadas até 18 de maio de 2025;
- Redistribuição temporária de pessoal: com incentivo financeiro para realocações voluntárias;
- Fim do trabalho remoto: retorno obrigatório ao trabalho presencial a partir de 23 de junho de 2025, exceto em casos protegidos por decisões judiciais;
- Novo plano de saúde: reestruturação da rede credenciada com apoio das entidades sindicais e previsão de economia de 30%;
- Marketplace próprio: lançamento ainda este ano;
- Captação internacional: previsão de financiamento de R$ 3,8 bilhões junto ao New Development Bank (NDB).
Causas do prejuízo
A direção da empresa atribui o déficit à queda nas receitas com encomendas internacionais, além de um aumento expressivo nos custos operacionais, que chegaram a R$ 15,9 bilhões em 2024 — R$ 716 milhões a mais do que no ano anterior.
Os gastos com pessoal puxaram a alta. Somente em salários e benefícios, a empresa desembolsou R$ 10,3 bilhões, influenciada pelo Acordo Coletivo de Trabalho firmado com mais de 80 mil funcionários, além do reajuste de vale-alimentação.
Situação financeira crítica
A situação se agravou com a redução da liquidez da empresa. No último ano, os Correios utilizaram R$ 2,9 bilhões das reservas em caixa e aplicações, restando apenas R$ 249 milhões em disponibilidade financeira no início de 2025.
Esse quadro provocou atrasos em pagamentos a fornecedores e prestadores de serviço, como transportadoras e agências franqueadas, gerando impacto direto nos prazos de entrega de encomendas.
Apenas 15% das unidades são superavitárias
Em seu relatório, a estatal reconhece que 85% das mais de 10 mil agências operam no vermelho. Ainda assim, afirma que continuará oferecendo serviços postais em todos os 5.567 municípios brasileiros, com tarifas acessíveis.
Investimentos mantidos
Apesar do cenário adverso, os Correios afirmam que não vão interromper os investimentos em modernização e na transição ecológica da operação. Em 2024, foram aplicados R$ 830 milhões em infraestrutura e frota. Entre as aquisições:
- 50 furgões elétricos;
- 3.996 bicicletas cargo com baú;
- 2.306 bicicletas elétricas;
- 1.502 novos veículos convencionais.
A companhia informa que os investimentos fazem parte de um plano de cinco anos para redução da pegada de carbono e reforça que sustentabilidade e tecnologia seguem como prioridades.
“Estamos comprometidos com um futuro mais eficiente e ambientalmente responsável”, reforçou a empresa em nota.
Com os ajustes em curso e os investimentos planejados, os Correios buscam reverter a crise financeira e retomar o equilíbrio econômico nos próximos anos.