Correios estão com dívida bilionária com o fundo de pensão

Os Correios enfrentam um desafio financeiro colossal. A empresa assinou um contrato de confissão de dívida para transferir R$ 7,6 bilhões ao Postalis, fundo de pensão dos funcionários, em um esforço para cobrir metade do déficit de R$ 15 bilhões do plano de aposentadoria.

Este fundo deixou de aceitar novos participantes desde 2008, e os investimentos mal-sucedidos, especialmente entre 2011 e 2016, agravaram a situação, resultando em um prejuízo que hoje ultrapassa R$ 9 bilhões.

Para equilibrar as contas, os Correios têm desembolsado mensalmente R$ 33 milhões desde fevereiro de 2024, enquanto os participantes do fundo enfrentam cortes significativos em seus rendimentos.

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Foto: Emerson Nogueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Impactos do déficit dos Correios

A dívida bilionária dos Correios com o Postalis não apenas afeta a saúde financeira da estatal, mas também impacta diretamente seus funcionários, aposentados e pensionistas.

Desde o início das contribuições mensais para sanar o déficit, os benefícios dos participantes do fundo foram reduzidos. Aposentados e trabalhadores em atividade sofrem com descontos de 23% em seus pagamentos, enquanto pensionistas enfrentam uma redução ainda maior, de 37%.

A gestão atual dos Correios está empenhada em reduzir o déficit, mas reconhece que uma parte significativa dos problemas financeiros decorre de decisões ruins tomadas durante gestões anteriores e processos de privatização.

Entre os investimentos que contribuíram para o rombo, destacam-se os títulos de dívida da Venezuela e da Argentina, adquiridos sob influência política, e os fundos de participação, como o Multiner FIP. As investigações da CPI dos Fundos de Pensão e da Operação Greenfield, ligadas à Lava Jato, evidenciaram essas más gestões, que culminaram em perdas bilionárias para o Postalis.

Em fevereiro de 2020, um acordo foi firmado sob a gestão de Jair Bolsonaro para equacionar o déficit, e este acordo segue em vigor com o endosso do atual presidente dos Correios, Fabiano da Silva Santos.

Transparência e novas medidas de governança

A Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) implementou uma cláusula no contrato de confissão de dívida que permite uma revisão anual automática do saldo devedor, com ajustes baseados nas demonstrações atuariais anuais.

Essa medida visa garantir maior transparência e justiça na divisão dos valores entre os Correios e os participantes do fundo. Além disso, existe a expectativa de que os valores que o Postalis tenta recuperar por meio de ações judiciais possam reduzir significativamente a dívida atual.

Caso a entidade tenha sucesso na recuperação desses valores, a dívida de R$ 15 bilhões poderá ser substancialmente diminuída.

O contrato também estipula que qualquer valor recuperado será dividido proporcionalmente entre os Correios e os participantes do fundo, oferecendo um alívio financeiro para ambos. Com essas novas medidas de governança e transparência, os Correios e o Postalis esperam construir um futuro mais estável e sustentável, apesar das dificuldades enfrentadas até o momento.

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