Conheça as canetas que emagrecem: veja como funcionam e quem pode usar

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, nesta segunda-feira (9), o uso oficial do Mounjaro no combate à obesidade.

A aprovação amplia as possibilidades terapêuticas no país e reforça uma tendência crescente: a medicalização do controle de peso, com base em compostos originalmente desenvolvidos para tratar o diabetes tipo 2.

Fabricado pela Eli Lilly, o Mounjaro já vinha sendo utilizado de forma off-label para emagrecimento. Agora, a substância — cujo princípio ativo é a tirzepatida — ganha aprovação formal da Anvisa para esse fim.

A aplicação será feita por meio de canetas injetáveis semanais, em doses de 2,5 mg e 5 mg, voltadas a pacientes com obesidade e pelo menos uma comorbidade associada, como hipertensão arterial ou colesterol elevado.

Mounjaro: o que é e como age

O Mounjaro atua de forma inovadora ao simular simultaneamente a ação de dois hormônios reguladores do apetite e da glicose, promovendo uma redução significativa do peso corporal — até 25% em alguns casos clínicos, segundo estudos.

Trata-se de uma das maiores eficácias já observadas entre as terapias aprovadas no Brasil para o tratamento da obesidade.

A nova indicação deve acirrar a disputa com outros medicamentos do mesmo perfil, como o Wegovy e o Ozempic, ambos da Novo Nordisk e baseados na semaglutida.

Diferenças entre as principais canetas disponíveis

A aprovação do Mounjaro se soma a uma lista de canetas injetáveis que vêm ganhando popularidade, tanto por seus efeitos na redução de peso, quanto pela praticidade de uso. Veja como elas se comparam:

  • Wegovy: aprovado pela Anvisa desde janeiro de 2023, é indicado exclusivamente para obesidade (IMC acima de 30, ou acima de 27 com comorbidades). Pode promover perda de até 20% do peso corporal em seis meses.
  • Ozempic: voltado para diabetes tipo 2, mas amplamente usado de forma off-label para emagrecimento.
  • Victoza e Saxenda: possuem liraglutida como princípio ativo e requerem aplicações diárias. Embora tenham sido desenvolvidos para diabetes, mostram perda média de até 6% do peso.
  • Mounjaro: agora com dupla indicação aprovada, oferece maior potência de emagrecimento, com doses semanais.

Apesar dos resultados expressivos, especialistas alertam para o uso responsável e sempre com acompanhamento médico.

Alto custo ainda limita o acesso

Apesar da liberação da Anvisa, o preço elevado continua sendo um dos principais obstáculos ao acesso popular. A dose mensal de 5 mg do Mounjaro custa, mesmo com descontos, cerca de R$ 1.800, considerando quatro aplicações mensais.

Além disso, a alta demanda global pode dificultar a disponibilidade imediata do medicamento no Brasil. A procura já pressiona a oferta em diversos países, incluindo os Estados Unidos.

Caminho para o SUS e expectativas futuras

No caso do Wegovy, que também é voltado exclusivamente ao emagrecimento, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) iniciou nesta segunda-feira uma consulta pública para avaliar a inclusão do tratamento na rede pública de saúde.

A medida pode sinalizar uma mudança de paradigma, permitindo que medicamentos de alto custo com eficácia comprovada cheguem à população em larga escala. Até lá, o uso privado e supervisionado seguirá sendo a principal via de acesso.

Especialistas recomendam cautela

A endocrinologista Alessandra Rascovski, diretora clínica da Atma Soma, destaca que a popularização desses medicamentos deve ser acompanhada por critérios rigorosos de prescrição.

“O futuro dessas terapias no Brasil é promissor, mas deve estar baseado no equilíbrio entre inovação, acessibilidade e segurança. É necessário que haja políticas públicas claras, associadas à educação médica contínua, para garantir o uso consciente dos medicamentos.”

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