Comprar a Garoto foi pouco para a Nestlé, e ela agora é dona da grandona dos chocolates
A Nestlé, considerada a maior empresa de alimentos do mundo, tomou um passo significativo no mercado brasileiro de chocolates comprando o Grupo CRM, que inclui as conhecidas marcas Kopenhagen e Brasil Cacau. Esta manobra estratégica está avaliada em aproximadamente R$ 4,5 bilhões e tem o potencial de redimensionar sua presença no mercado nacional, onde atua desde 1876.
Com 27 anos de história, o Grupo CRM emergiu como um importante player no setor de franquias de chocolates, operando quase 1.000 estabelecimentos e empregando mais de 2.000 pessoas em parceria com 590 franqueados. A marca Kopenhagen, particularmente, com suas 512 lojas, destaca-se como uma das mais prestigiadas, com cada unidade faturando entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão anualmente. Além dela, a Chocolates Brasil Cacau também faz parte do grupo, com 399 lojas e um faturamento médio de R$ 700 mil a R$ 900 mil por loja.
O desafio junto ao Cade
A consumação deste acordo aguarda ainda a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Vale lembrar o histórico antigo da Nestlé com o Cade, no qual a aquisição da Garoto, em 2002, foi inicialmente barrada em 2004 devido à preocupação com o excesso de concentração no mercado. O impasse somente foi resolvido em 2023, quando novas circunstâncias de mercado e concorrência permitiram a aprovação da união, reduzindo anteriores preocupações monopolísticas.
Esta recente aquisição segue a estratégia da Nestlé de fortalecer e diversificar sua presença em nichos de mercado estratégicos. Adquirindo as marcas Kopenhagen e Brasil Cacau, a Nestlé busca não apenas aumentar sua participação de mercado – hoje estimada em cerca de 7% das vendas nacionais de chocolates -, mas também enriquecer seu portfólio com produtos de alto valor agregado, que gozam de grande reconhecimento entre os consumidores brasileiros.
A Nestlé e os demais envolvidos aguardam a decisão do Cade, que está atento às condições de mercado para evitar uma concentração que prejudique a concorrência e os consumidores. Além disso, a Nestlé já se comprometeu a seguir vários dos requisitos regulatórios impostos nas aquisições anteriores, como uma proibição de adquirir ativos que representem mais de 5% do mercado por um período de cinco anos.