China está com inveja e decide copiar serviço criado por Bolsonaro
A relação econômica e financeira entre Brasil e China pode ganhar novos contornos nos próximos anos, com iniciativas que buscam facilitar investimentos bilaterais, fortalecer a regulação e ampliar o uso de tecnologias financeiras.
A movimentação ocorre em meio a um cenário global marcado pela intensificação da disputa comercial entre Estados Unidos e China, o que tem estimulado o gigante asiático a fortalecer parcerias com países latino-americanos.
Durante o Summit Valor Econômico Brazil-China 2025, realizado em Xangai, representantes dos dois países destacaram oportunidades para aprofundar a colaboração em áreas como pagamentos digitais, inteligência artificial e finanças sustentáveis. O evento contou com a presença de autoridades, empresários e especialistas de diferentes setores.
O diretor global de pesquisa da China International Capital Corporation (CICC), Chen Jianheng, destacou que o Brasil já recebeu mais de US$ 70 bilhões em aportes chineses na última década.
Ele prevê que a cooperação deve crescer, impulsionada pela complementaridade econômica entre os dois países. “Estamos construindo uma base sólida para mais parcerias no futuro”, afirmou.

China se interessa por pagamentos instantâneos Pix
Um dos pontos de interesse dos chineses é o sistema de pagamentos instantâneos Pix, criado pelo Banco Central do Brasil. O modelo, que já movimentou mais de R$ 60 trilhões desde 2021, atraiu a atenção de Ben Shenglin, membro do conselho de fintechs da província de Zhejiang, onde está sediado o Alibaba Group.
“Queremos compreender melhor como o Pix funciona e explorar formas de adaptação à nossa realidade”, disse ele, citando também o interesse em projetos com foco em inovação e tecnologia de ponta.
A capital paulista foi mencionada como referência no setor. “São Paulo é líder em inovação na América Latina e ocupa posição de destaque mundial. Nossa universidade tem interesse em estabelecer parcerias com instituições da cidade”, completou Shenglin.
A regulação financeira foi apontada como aspecto-chave para viabilizar novas operações e projetos. De acordo com Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil na China, é necessário alinhar os modelos regulatórios para que investimentos possam sair do papel com segurança e transparência. Ele revelou que autoridades brasileiras e chinesas já iniciaram tratativas nesse sentido.
Entre os avanços concretos, foi destacado o memorando assinado entre a B3 e as bolsas de Xangai e Shenzhen, que permitirá a listagem cruzada de ETFs. Além disso, iniciativas como a emissão de “panda bonds” — títulos em moeda chinesa por empresas estrangeiras — e o uso de moedas locais nas transações entre Brasil e China também foram citadas como caminhos promissores.
O diretor de planejamento do BNDES, Nelson Barbosa, ressaltou o recente acordo com o China Development Bank (CDB) para o primeiro financiamento da instituição brasileira em renminbi (RMB), no valor equivalente a cerca de R$ 4 bilhões. “Estamos diversificando as fontes e as moedas de financiamento. É um passo estratégico”, afirmou.
Na área ambiental, Barbosa anunciou o interesse do Brasil em estruturar uma certificadora internacional com foco em florestas tropicais, o que pode abrir espaço para cooperação com universidades e pesquisadores chineses.
O summit foi promovido pela Editora Globo e pelo Valor Econômico, em parceria com o Cebri e a Caixin Global, e contou com o apoio de instituições públicas e privadas de ambos os países.