Cada temporada desse série custa R$ 2,4 bilhões na televisão

A evolução das plataformas de streaming alterou significativamente o mercado audiovisual, trazendo uma corrida por conteúdos exclusivos que se tornassem “pilares” para atrair e manter assinantes. Estes pilares, como descritos no jargão cinematográfico, são produções que compensam perdas de projetos menos lucrativos.

Nesse contexto, a série “Os Anéis de Poder”, da Amazon, emergiu como uma das apostas mais ambiciosas da indústria. Veja detalhes dos bastidores a seguir.

A estratégia por trás das produções pilares

O movimento em busca de conteúdos emblemáticos começou em 2011 com o lançamento de Game of Thrones, da HBO, seguido por House of Cards, da Netflix, em 2013. O cenário se intensificou com o advento do Disney+, que apostou em franquias como Star Wars e Marvel.

Quando a Amazon decidiu ampliar sua atuação no streaming com o Prime Video, a necessidade de um projeto de alto impacto tornou-se evidente.

Em 2017, a Amazon adquiriu os direitos televisivos de O Senhor dos Anéis, do autor britânico J.R.R. Tolkien, por US$ 250 milhões (R$ 1,7 bilhão). A intenção era desenvolver uma série derivada que pudesse competir com produções de peso, como Game of Thrones.

Estimativas iniciais apontavam para um custo total de US$ 1 bilhão (R$ 6,8 bilhões) em cinco temporadas, mas as despesas dispararam. Apenas as duas primeiras temporadas já superaram esse valor.

Os custos e desafios de produção

A primeira temporada, lançada em 2022, foi filmada na Nova Zelândia, local histórico para as adaptações de Tolkien. Os registros financeiros indicam um custo de US$ 350,7 milhões (R$ 2,38 bilhões), incluindo efeitos especiais e a recriação de cenários e exércitos orc. Mais de 1.500 profissionais de efeitos visuais participaram da produção.

Para a segunda temporada, lançada em 2024, as filmagens migraram para o Reino Unido, aproveitando incentivos fiscais que reembolsam até 25,5% dos custos. Relatórios indicam gastos de US$ 458,2 milhões (R$ 2,7 bilhões) até junho de 2023.

Além disso, a produção impactou positivamente a economia local, gerando empregos e movimentando setores como catering, segurança e fornecedores de adereços.

Audiência e polêmicas

Apesar dos investimentos, a audiência tem sido motivo de questionamento. Dados indicam que apenas 37% dos espectadores dos EUA que começaram a assistir à primeira temporada chegaram ao final. Já a segunda temporada registrou cerca de 900 mil visualizações nos primeiros dias, metade do desempenho do episódio inicial da série.

Críticas também surgiram devido às mudanças na obra, como um elenco mais diverso, o que desagradou parte dos fãs. No Rotten Tomatoes, a série registra uma média de 49% de aprovação, bem abaixo de Game of Thrones, que alcançou 85%.

Impacto e perspectivas

Para a Amazon, o foco vai além da audiência. Segundo especialistas, o Prime Video atua como um complemento para atrair consumidores a outros serviços da empresa, como a assinatura de canais de vídeo e aluguel de filmes.

Nesse cenário, o impacto cultural de “Os Anéis de Poder” é considerado um fator-chave, mesmo que o retorno financeiro direto seja questionável.

A série continua a desempenhar um papel significativo no mercado de streaming, demonstrando como grandes investimentos podem moldar estratégias e redefinir os limites da produção audiovisual.

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