Brasil está perdendo suas águas cada vez mais
Em um estudo recente realizado pela rede MapBiomas, foi revelado que uma significativa porção das reservas de água do Brasil se encontram em estado de alarmante redução. Segundo a pesquisa, mais de 30% das águas superficiais do país secaram entre 1985 e 2023. Esse dado alarmante reflete não apenas mudanças ambientais locais, mas aponta para um futuro incerto quanto à gestão de recursos hídricos no Brasil.
O Brasil, conhecido por abrigar aproximadamente 12% da água doce mundial, vê seus principais rios e aquíferos sob crescente ameaça. Com o desmatamento ilegal, a exploração intensiva do agronegócio e as mudanças climáticas ganhando proporções críticas, é imperativo compreender as implicações desses fatores na sustentabilidade das águas brasileiras.
Em detalhes fornecidos por Marcos Rosa, doutor em geografia física e coordenador técnico do MapBiomas, algumas das principais razões para essa desoladora estatística foram identificadas. Elas variam desde ações antrópicas prejudiciais até fenômenos naturais que são exacerbados pela atividade humana.
Impacto do agronegócio
Os setores predatórios do agronegócio têm sido apontados com frequência como grandes vilões na destruição de ecossistemas aquáticos. A expansão agrícola sem controle e sem respeito às normas ambientais vem descaracterizando vastas áreas, o que, inevitavelmente, afeta o ciclo natural da água e destrói habitats cruciais. Além disso, o desmatamento ilegal continua a avançar sobre florestas e áreas protegidas, alterando dramaticamente a paisagem e contribuindo para o assoreamento e secamento dos rios.
As mudanças climáticas também desempenham um papel fundamental na alteração do regime de chuvas e na temperatura global, o que impacta diretamente na disponibilidade de água. A alteração nos padrões de precipitação afeta não só o volume de água disponível, mas também a sua qualidade, comprometendo a biodiversidade associada e intensificando o ciclo de escassez hídrica.
Biomas afetados
Entre os biomas mais prejudicados, está o Pantanal, com uma redução de 61% em suas águas desde 1985. A Amazônia, nossa maior floresta tropical, teve uma diminuição de 27,5%, e o Cerrado, conhecido como o berço das águas, enfrentou uma redução de 53,4%. Esses números não apenas sinalizam uma emergência ambiental, mas também apontam para a necessidade urgente de políticas de conservação mais efetivas.