Bolsa Família perde força e brasileiros cadastrados estão desesperados
O orçamento do Bolsa Família, programa que atende milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade, sofreu uma redução de R$ 9,1 bilhões em 2025.
A diminuição está associada ao endurecimento das regras de controle e à intensificação da revisão cadastral, promovida pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS).
De acordo com dados oficiais, o valor destinado ao programa passou de R$ 169,1 bilhões em 2024 para R$ 160 bilhões neste ano.
A medida vem acompanhada de um pente-fino que resultou no bloqueio ou exclusão de beneficiários com irregularidades, como renda incompatível, dados desatualizados ou descumprimento de exigências nas áreas de saúde e educação.
O que motivou a redução do orçamento?

A reestruturação do programa tem como base o cruzamento de informações entre o Cadastro Único (CadÚnico) e bancos de dados da Receita Federal, INSS e outros órgãos federais. O objetivo, segundo o governo, é garantir que o benefício chegue apenas a quem realmente atende aos critérios estabelecidos.
Entre os principais motivos para os cortes estão:
- Cadastro fraudulento ou incompleto;
- Renda per capita superior ao limite permitido;
- Irregularidade no CPF de membros da família;
- Falta de atualização cadastral nos últimos dois anos;
- Descumprimento das condicionalidades de saúde e educação.
Renda permitida e novas regras de permanência
Para continuar recebendo o Bolsa Família, a renda mensal por pessoa da família não pode ultrapassar R$ 218. Porém, mesmo quem ultrapassa temporariamente esse limite pode manter parte do benefício.
É o caso das famílias enquadradas na Regra de Proteção, que autoriza o recebimento de 50% do valor por até 24 meses, desde que a renda não ultrapasse meio salário mínimo por pessoa (R$ 706).
Em janeiro deste ano, cerca de 2,5 milhões de famílias estavam sob essa condição, com um benefício médio de R$ 386,66.
O que pode levar ao bloqueio do benefício?
A manutenção do Bolsa Família está diretamente ligada ao cumprimento das condicionalidades obrigatórias, entre elas:
- Frequência escolar mínima de crianças e adolescentes;
- Acompanhamento pré-natal para gestantes;
- Vacinação em dia para crianças;
- Participação em consultas de saúde da família.
Outro ponto de atenção é o CPF dos integrantes da família. Embora o nome negativado não interfira no recebimento, um CPF irregular pode gerar bloqueio se não for regularizado dentro do prazo de seis meses após a notificação.
Como regularizar e evitar a suspensão?
A regularização do CPF pode ser feita pelos seguintes canais:
- Site da Receita Federal;
- Agências do Banco do Brasil, Caixa ou Correios;
- Aplicativo Meu CPF.
Já o CadÚnico precisa ser atualizado a cada dois anos ou sempre que houver mudanças na composição familiar, como nascimento, falecimento, mudança de endereço ou de escola. A omissão ou falsificação de informações pode ser considerada fraude, sujeita à devolução dos valores recebidos e a sanções legais.
Como consultar a situação do seu benefício?
Para verificar se o Bolsa Família está bloqueado ou cancelado, os beneficiários devem usar os canais oficiais:
- Aplicativo Bolsa Família (Android e iOS);
- Portal do MDS (mds.gov.br);
- Disque 121, com ligação gratuita;
- Atendimento presencial no CRAS da cidade.
Se o benefício estiver suspenso, é possível solicitar revisão ou reativação, desde que sejam apresentados os documentos que comprovem a elegibilidade.
Cuidado com informações falsas
Com a ampliação do pente-fino, aumentaram também os boatos sobre o programa. Entre os falsos alertas que circulam nas redes sociais, estão:
- Quem tem nome sujo perde o Bolsa Família;
- Todos os beneficiários precisam ter emprego formal;
- Famílias com filhos fora da escola perdem automaticamente o benefício.
Essas alegações não procedem. A recomendação é sempre buscar informações nos canais oficiais, como o gov.br, o site do MDS ou o Meu CadÚnico.