Ameba “comedora de cérebro” causou morte de criança no Ceará

Testes laboratoriais confirmaram que a morte de um bebê de 1 ano e 3 meses em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, foi causada pela ameba Naegleria fowleri. Conhecida popularmente como “ameba comedora de cérebro”, o parasita ataca o sistema nervoso ao migrar pelo nervo olfatório após entrar pelo nariz, provocando meningoencefalite grave.

A criança vivia em um assentamento rural e faleceu em setembro, uma semana após apresentar sintomas iniciais como febre, irritação e vômito, que rapidamente evoluíram para comprometimentos neurológicos. Exames de necrópsia confirmaram a presença do parasita no organismo.

Contaminação identificada na água do açude

A Secretaria Estadual de Saúde do Ceará concluiu que a infecção foi causada pela água do açude que abastecia o assentamento onde a família residia. Segundo o secretário executivo de Vigilância em Saúde, Antônio Lima Neto, a investigação descartou o contato direto da criança com o açude. “A hipótese é de que a contaminação ocorreu no banho doméstico. A água vinha do açude, passava por um tratamento, mas este não era adequado”, explicou.

Testes realizados na cisterna da residência detectaram a presença da ameba, levando as autoridades a recomendarem a desinfecção do reservatório. Paralelamente, uma análise retrospectiva foi conduzida para identificar outros casos semelhantes na região, mas nenhum foi registrado.

Primeiro caso confirmado no Brasil

Esse é o primeiro caso confirmado por exames no Brasil. Há, no entanto, um relato de 1975, em São Paulo, de um possível óbito causado por meningoencefalite amebiana. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) registra cerca de 160 casos do parasita no país desde a década de 1960, com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 98%.

Características e riscos da ameba

A Naegleria fowleri vive em ambientes aquáticos naturais, como rios e lagos, principalmente em águas quentes. Diferente de outros parasitas, não depende de hospedeiros para sobreviver e não é transmitida pela ingestão de água ou pelo contato humano, mas exclusivamente pela via nasal, especialmente durante mergulhos em locais contaminados.

O diagnóstico da infecção é dificultado pela semelhança dos sintomas com os de meningite bacteriana. Além disso, ainda não há um tratamento específico para a doença, tornando o quadro extremamente preocupante em casos de infecção confirmada.

* Com informações da Agência Brasil.

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