Gasolina vai baixar no Brasil? Veja como está a situação atual
Um mês após a Petrobras anunciar a redução no preço da gasolina vendida às refinarias, o impacto nos postos de combustíveis ainda é quase imperceptível para o consumidor.
Dados recentes da Agência Nacional do Petróleo (ANP) revelam que o repasse médio foi de apenas R$ 0,04 por litro, valor três vezes menor que o estimado pela estatal, que previa queda de R$ 0,12 por litro.
Segundo o levantamento da ANP, na última semana a gasolina foi vendida a R$ 6,23 por litro em média no país — mesmo valor das semanas anteriores.
A discrepância entre o corte anunciado e o preço nas bombas levantou críticas de integrantes do governo federal, que acusam postos e distribuidoras de reterem a margem de lucro e barrar o alívio no bolso do consumidor.
Pesquisas do setor privado também confirmam o cenário. A ValeCard registrou queda de apenas R$ 0,05 por litro em junho, enquanto o Índice de Preços Edenred Ticket Log apontou redução média de R$ 0,06 — ambos abaixo do desejado pela Petrobras.
A avaliação é de que a diferença esteja sendo absorvida na cadeia de distribuição, impedindo que o benefício chegue à população.
Governo cobra explicações e ameaça intensificar fiscalização

A falta de repasse integral dos cortes motivou reações públicas. Em evento recente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente a situação, afirmando que “decisões não estão sendo respeitadas” e que o governo não aceitará ser tratado como um “bando de imbecis”.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também comentou o tema nesta segunda-feira (7), destacando que, caso os preços internacionais se mantenham estáveis, há espaço para uma nova redução no preço da gasolina vendida pela Petrobras.
Além disso, o governo acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para que órgãos reguladores investiguem e fiscalizem os valores cobrados nas bombas. A preocupação é com práticas que possam estar violando o princípio da concorrência e prejudicando os consumidores.
Mistura de etanol deve aumentar, mas impacto no preço é incerto
A partir de 1º de agosto, a gasolina brasileira terá 30% de etanol anidro, um aumento de três pontos percentuais na composição atual.
A medida, segundo o governo, pode contribuir para reduzir os preços ou ao menos amenizar a alta nos próximos meses. No entanto, especialistas do setor alertam que o efeito será limitado, já que o preço do etanol também sofre variações, especialmente durante a entressafra.
Na última semana, o etanol hidratado registrou queda tímida de R$ 4,19 para R$ 4,16 por litro, conforme dados da ANP. O preço do diesel S-10 também segue estável, com média de R$ 6,05, após três reduções promovidas pela Petrobras ao longo de 2024 — essas, sim, plenamente repassadas ao consumidor.
Enquanto isso, motoristas continuam aguardando por um alívio mais concreto nas bombas. Até que haja transparência na cadeia de distribuição e uma fiscalização efetiva, os anúncios de corte nas refinarias seguirão como promessas que ficam pelo caminho.