Médicos revelam qual o melhor horário para defecar
Defecar é uma necessidade fisiológica tão comum quanto comer ou dormir, mas ainda assim envolve desconforto para muita gente na hora de falar sobre o assunto.
A verdade, segundo especialistas, é que o funcionamento do intestino pode revelar muito sobre a saúde geral, e entender melhor como ele opera — e quando ele opera melhor — pode melhorar a qualidade de vida.
Corpo segue relógio interno — e o intestino também
Segundo médicos gastroenterologistas, nosso corpo segue um ritmo biológico diário, chamado ritmo circadiano, que também influencia a digestão. Para a maioria das pessoas, o momento mais eficiente para evacuar tende a ser logo pela manhã.

“É quando o cólon está mais ativo e o corpo, naturalmente, se prepara para eliminar o que não é mais necessário”, explica o médico Kenneth Brown, gastroenterologista e apresentador do podcast Gut Check Project.
O aumento de cortisol nas primeiras horas do dia, combinado com o reflexo gastrocólico (a resposta fisiológica do intestino ao estímulo alimentar), torna a manhã o horário ideal para uma evacuação natural e satisfatória.
Não é só o horário: consistência é o mais importante
Para o gastroenterologista Will Bulsiewicz, autor do livro Fiber Fueled, mais relevante do que definir um “melhor horário” é ter regularidade. “O intestino precisa de ritmo. Quando você estabelece um padrão e mantém o relógio biológico em equilíbrio, o organismo responde com evacuações mais eficazes”, afirma.
A regularidade, segundo ele, contribui para uma melhor motilidade intestinal — ou seja, a movimentação dos resíduos ao longo do trato digestivo. Quando essa motilidade é interrompida, problemas como constipação e síndrome do intestino irritável podem aparecer com mais frequência.
O que pode afetar o seu ritmo intestinal?
Diversos fatores interferem no horário e na frequência com que uma pessoa vai ao banheiro. Veja os principais:
- Alimentação: Incluir fibras na dieta, manter-se hidratado e evitar alimentos ultraprocessados são atitudes essenciais. Substâncias como cafeína e álcool também afetam o ritmo intestinal, podendo tanto estimular como desacelerar os movimentos do cólon.
- Atividade física: A prática regular de exercícios favorece a motilidade intestinal. A falta de movimento corporal, por outro lado, pode dificultar a evacuação, especialmente entre quem passa longos períodos sentado.
- Viagens: Mudanças na rotina, nos fusos horários e na alimentação durante deslocamentos podem desregular o intestino temporariamente, dificultando a evacuação.
- Estresse: Emoções e estados mentais interferem diretamente na conexão cérebro-intestino, o chamado eixo intestino-cérebro. Níveis elevados de ansiedade ou tensão constante podem causar tanto episódios de diarreia quanto prisão de ventre, dependendo da resposta individual do organismo.
- Condições médicas: Doenças como síndrome do intestino irritável, doença de Crohn, colite ulcerativa, celíaca, hipotireoidismo e até distúrbios neurológicos influenciam o ritmo das evacuações.
- Uso de medicamentos: Antidepressivos, analgésicos opioides e até alguns laxantes podem interferir na evacuação, seja aumentando ou reduzindo a frequência e a eficiência dos movimentos intestinais.
- Gravidez: As alterações hormonais e a pressão do útero sobre o reto durante a gestação dificultam o trânsito intestinal e tornam a constipação mais comum entre gestantes.
- Envelhecimento: Com o passar dos anos, tanto os músculos do sistema digestivo quanto os nervos do reto perdem parte de sua função. A diminuição da atividade física e da sensibilidade também contribui para um intestino menos eficiente.
Treinar o corpo é possível
A boa notícia é que o hábito de evacuar em determinado horário pode ser desenvolvido. Adotar uma rotina consistente, respeitando os sinais do corpo e cuidando da alimentação e do sono, ajuda a “ensinar” o intestino a funcionar como um relógio. Beber água ao acordar, tomar um café da manhã rico em fibras e reservar um tempo tranquilo para ir ao banheiro são práticas que podem fazer diferença.