Mãe de bebê reborn pediu licença-maternidade e virou meme
Bonecos hiper-realistas que imitam com precisão recém-nascidos, os chamados bebês reborn têm ganhado cada vez mais espaço no mercado e nas redes sociais brasileiras.
Produzidos com materiais que simulam peso, textura e até marcas típicas de um bebê real, os bonecos ultrapassaram o status de itens de coleção e passaram a ser tratados por muitas cuidadoras como filhos simbólicos.
Nos últimos anos, tem se tornado comum que mulheres que adquirem esses bonecos passem a se referir a si mesmas como “mães de reborn”. Em alguns casos, a relação chega a incluir práticas como alimentação, troca de roupas e criação de quartos infantis completos.
A situação gerou repercussão após um caso recente em que uma dessas cuidadoras solicitou licença-maternidade, alegando vínculo afetivo com o boneco.
Licença-maternidade e controvérsias legais
O pedido de afastamento profissional, feito por uma mulher que cuida de um bebê reborn, gerou debate sobre a possibilidade de se reconhecer esse tipo de vínculo em termos legais.
Especialistas em direito do trabalho e psicologia passaram a ser consultados para avaliar os limites dessa demanda.
Segundo juristas ouvidos por veículos da imprensa, não há previsão legal para esse tipo de licença, uma vez que a legislação brasileira exige o nascimento ou adoção de uma criança para a concessão do benefício. A solicitação foi negada, mas o caso chamou atenção por ilustrar o crescimento desse fenômeno no país.
Segmento em expansão
O mercado de bonecos reborn tem se desenvolvido com rapidez no Brasil. Artesãos especializados trabalham na produção sob encomenda, e os valores podem ultrapassar alguns milhares de reais por unidade. Os bonecos são feitos de vinil siliconado e passam por processos de pintura e montagem minuciosos.
Além da venda direta, há também uma comunidade ativa em redes sociais, com grupos que compartilham rotinas, dicas de cuidados e exposições. Eventos e feiras dedicados ao tema também têm se tornado mais frequentes.
Aspectos psicológicos
Para profissionais da saúde mental, o uso dos reborn pode ter diferentes significados. Em contextos de luto perinatal, infertilidade ou solidão, o boneco pode funcionar como uma ferramenta simbólica de conforto.
Contudo, especialistas alertam para a importância de acompanhamento psicológico em casos nos quais o objeto substitui, de forma intensa, relações sociais ou familiares.
Apesar da polêmica em torno do pedido de licença, não há registro de outros casos semelhantes com desdobramentos legais. O tema, no entanto, continua sendo acompanhado por juristas e psicólogos por seu potencial de impacto em normas trabalhistas e relações de consumo.