Bill Gates vai investir todo seu dinheiro para tentar impedir Elon Musk

O embate entre os empresários Bill Gates e Elon Musk ganhou novos contornos com declarações incisivas dadas por Gates ao jornal Financial Times. O fundador da Microsoft criticou publicamente as recentes políticas adotadas por Musk à frente do Departamento de Eficiência dos EUA, apontando que os cortes em programas de ajuda humanitária internacional estariam prejudicando populações vulneráveis.

No centro da polêmica, está a suspensão do envio de recursos para um hospital em Gaza, voltado à prevenção da transmissão de HIV entre mães e filhos. O cancelamento foi justificado sob alegação de que os insumos poderiam ser desviados para o grupo Hamas.

Gates reagiu duramente: “Gostaria que ele conhecesse as crianças agora infectadas porque esse financiamento foi cortado. A imagem do homem mais rico do mundo afetando os mais pobres não é algo que se apague com silêncio.”

Segundo Gates, os cortes têm origem na “ignorância sobre os efeitos reais” das decisões. A declaração evidencia o distanciamento entre os dois bilionários, que desde 2012 mantêm uma relação marcada por divergências ideológicas sobre o papel da tecnologia, do Estado e da filantropia.

Fundação Gates acelera investimento social global

A resposta de Gates não se limita às palavras. Ele confirmou que pretende doar quase a totalidade de sua fortuna – estimada em centenas de bilhões de dólares – até 2045, com foco em iniciativas que promovam saúde pública, vacinação e combate à pobreza.

Segundo o novo plano estratégico da Fundação Gates, os investimentos anuais subirão para US$ 10 bilhões, totalizando US$ 200 bilhões ao longo de duas décadas.

A medida marca uma inflexão no modelo de atuação da instituição, que se prepara para encerrar suas operações em 20 anos. “É hora de aplicar o máximo de recursos possíveis para enfrentar os desafios mais urgentes”, afirmou Gates durante a entrevista.

Uma disputa que ultrapassa o campo empresarial

A disputa entre Gates e Musk tem raízes antigas. A aproximação inicial, marcada pela assinatura de Musk ao pacto filantrópico The Giving Pledge, rapidamente deu lugar a críticas mútuas.

Musk passou a considerar ações de filantropia tradicionais como ineficientes, alegando que apenas inovações de mercado, como as promovidas pela Tesla e pela SpaceX, trariam mudanças reais.

O embate se acentuou em 2023, quando Gates se opôs a um apelo de Musk por uma moratória no desenvolvimento de inteligência artificial. Em seguida, vieram denúncias de que Gates teria lucrado com a queda das ações da Tesla, contradizendo seus posicionamentos públicos em defesa de causas ambientais.

Com o agravamento das divergências e a entrada de Musk na esfera de decisões governamentais, Gates intensificou suas críticas. Para ele, as prioridades do bilionário sul-africano desconsideram a urgência de problemas terrestres em nome da colonização de outros planetas.

A rivalidade entre os dois empresários revela não apenas um conflito de personalidades, mas visões opostas de futuro: de um lado, o investimento em soluções sociais imediatas; do outro, a aposta em tecnologias disruptivas e expansão interplanetária.

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