IA mais poderosa do mercado está disponível para download
A Meta, empresa liderada por Mark Zuckerberg, deu mais um passo no universo da inteligência artificial com o lançamento do Meta AI, um aplicativo que promete personalização avançada, mas também acende um sinal vermelho sobre o uso de dados pessoais.
A plataforma, ainda indisponível no Brasil, alcançou rapidamente o topo entre os apps gratuitos mais baixados no iPhone nos Estados Unidos.
Apresentado como um assistente virtual com respostas moldadas ao perfil de cada usuário, o Meta AI reúne informações captadas por outros produtos da empresa, como Facebook e Instagram, para entregar interações que parecem mais próximas — e, ao mesmo tempo, mais invasivas.
Primeiros testes

Durante os testes iniciais, o aplicativo foi capaz de descrever visualmente um usuário apenas com base no seu histórico digital. Em outro momento, passou a associar temas sensíveis — como custódia de filhos, crédito consignado e sonegação fiscal — a partir de simples diálogos. Segundo o próprio sistema, esses dados foram armazenados para uso futuro em personalização, melhoria do modelo e direcionamento de anúncios.
Apesar da possibilidade de excluir o histórico e a chamada “memória” da IA, o processo para isso exige múltiplas etapas e não é intuitivo. A coleta contínua de informações, feita por padrão, ultrapassa os limites de plataformas concorrentes como o ChatGPT, da OpenAI, e o Gemini, do Google.
O aplicativo ainda integra um ambiente social onde usuários podem compartilhar imagens e conversas geradas com a IA, ampliando o alcance do rastreamento de dados.
A Meta afirma que oferece transparência e opções de controle, mas especialistas alertam para a fragilidade desses mecanismos diante do volume de informações sensíveis envolvido.
“A forma como as configurações de privacidade são apresentadas é extremamente deficiente”, afirma Ben Winters, diretor de IA e privacidade de dados da Consumer Federation of America. Ele recomenda cautela: “Evite compartilhar qualquer dado pessoal ou íntimo com esses sistemas.”
Segundo pesquisadores, a promessa de personalização pode reforçar estereótipos e enviesamentos. A diretora do Center for Democracy and Technology, Miranda Bogen, relatou que, após mencionar mamadeiras, o assistente passou a tratá-la como mãe — um exemplo de como suposições automáticas da IA podem gerar interpretações distorcidas.
A era das IAs personalizadas abre caminho para uma nova fronteira de dilemas éticos e sociais: o quanto estamos dispostos a entregar de nossa privacidade em troca de respostas mais ajustadas?