Donos de bares e supermercados recebem a melhor notícia de 2025

O governo federal avalia modificar regras relacionadas aos pagamentos de vendas feitas via vale-refeição (VR) e vale-alimentação (VA). A principal mudança prevê a diminuição do prazo de repasse dos valores aos supermercados, bares e restaurantes, que passaria dos atuais 30 dias para apenas dois dias.

A proposta, segundo fontes que acompanham o debate, deve ser formalizada por meio de decreto presidencial e pode ser anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante as comemorações do Dia do Trabalhador, em 1º de maio.

Limitação das taxas cobradas de estabelecimentos

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Outro ponto em discussão é a definição de um teto para a taxa de desconto aplicada às vendas realizadas com os benefícios, conhecida como MDR (Merchant Discount Rate). Essa taxa remunera empresas de maquininhas de cartão, bancos emissores e bandeiras (como Mastercard, Visa e Elo).

No mercado de benefícios, grandes operadoras como Alelo, Sodexo, Ticket e VR definem seus próprios percentuais de desconto em arranjos fechados de pagamento, sem divulgação pública.

O governo estuda fixar essa taxa entre 3% e 4%, buscando reduzir os custos atualmente repassados aos preços dos alimentos.

Dados do Banco Central (BC) mostram que, no final de 2024, a taxa média no crédito era de 2,27% e no débito, de 1,09%. No mercado de benefícios, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), os percentuais oscilam entre 3,5% e 4,5%.

Mudanças podem impactar o setor de benefícios

Especialistas alertam que a redução no prazo de pagamento pode afetar o fluxo de caixa das empresas de benefícios.

Como grande parte dos contratos é firmada com o setor público, que possui prazos contratuais de 30 dias, a mudança exigiria a adoção de um cronograma de transição para evitar problemas de liquidez.

Além das tradicionais operadoras de arranjos fechados, novas empresas de arranjos abertos, como Caju, Flash e Swile, também operam no segmento, mas sem definir a taxa de desconto — que, nesse caso, é estabelecida pelas bandeiras de pagamento.

Crise dos alimentos impulsionou as discussões

As discussões ganharam força a partir da alta nos preços dos alimentos, relatada ao governo no início de 2025. Durante reunião com o presidente Lula, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) alegou que as taxas cobradas pelos benefícios encarecem os produtos, chegando a impactar em até 15% do valor final, considerando todas as tarifas envolvidas.

A Abras sugeriu que o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) seja operado diretamente pelo governo, com o depósito dos valores na conta-salário dos empregados, sem a intermediação das operadoras de benefícios. A entidade estima que a medida poderia gerar uma economia de R$ 10 bilhões por ano.

Divergências internas no governo

O debate gerou divisões entre os ministérios. De um lado, o Ministério do Trabalho é contrário ao pagamento direto ao trabalhador, argumentando que isso comprometeria a finalidade do PAT.

De outro, o Ministério da Fazenda vê a proposta com bons olhos, mas reconhece que seria necessária uma alteração legislativa, com aprovação no Congresso Nacional.

O Banco Central já se manifestou, afirmando que os arranjos vinculados ao PAT não são sistemicamente importantes e, por isso, não devem ser regulados pela autoridade monetária. A avaliação foi reforçada pelo diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC, Renato Gomes.

Críticas às mudanças no Programa de Alimentação do Trabalhador

Entidades representativas do setor, como a ABBT e a Câmara Brasileira de Benefícios ao Trabalhador (CBBT), se posicionaram contra a proposta de pagamento em dinheiro. Segundo elas, a medida poderia desviar o benefício da sua função original, com riscos de utilização para consumo de bebidas alcoólicas, cigarros ou jogos de azar.

A CBBT defende que a regulamentação da interoperabilidade entre sistemas de pagamento seria uma solução mais eficiente para estimular a concorrência e reduzir as taxas de operação, conforme já previsto na Lei 14.442/22.

Em nota, a entidade destacou que qualquer alteração no PAT deve ser debatida amplamente, de forma a preservar uma política pública que beneficia milhões de trabalhadores em todo o país.

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