SUS recebe atualização e terá nova tecnologia para salvar vidas
Conectar todas as Unidades de Saúde Indígena do país até 2026. Esse é o compromisso assumido pelo Ministério da Saúde, que pretende garantir acesso à internet de qualidade para viabilizar a telessaúde nos territórios onde vivem os povos originários.
O projeto é conduzido pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e integra a estratégia nacional para fortalecer o atendimento primário nas comunidades indígenas. Segundo o secretário Weibe Tapeba, a expectativa é que todas as unidades estejam conectadas até o fim do próximo ano.
“A universalização da conectividade é essencial para ampliar o alcance da atenção básica e permitir a presença contínua do Estado nas aldeias”, afirmou Tapeba em entrevista à Agência Brasil.

Telessaúde como alternativa à remoção de pacientes
Com a implementação da conectividade, o governo poderá expandir a telessaúde, oferecendo consultas à distância com especialistas, sem a necessidade de deslocamento dos pacientes indígenas até os grandes centros urbanos.
Atualmente, 19 dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis) já utilizam o serviço via banda larga do Programa Conecta Brasil, do Ministério das Comunicações. Os polos equipados permitem acesso a exames e consultas com diversos especialistas, como cardiologistas e dermatologistas.
A estimativa é que mais de 781 mil indígenas sejam beneficiados com a tecnologia, que também viabiliza a inclusão de dados clínicos nos sistemas nacionais e melhora a comunicação entre os profissionais que atuam nos territórios e suas famílias.
Infraestrutura, orçamento e desafios
Tapeba informou que mais de 700 pontos de internet já foram instalados nas unidades indígenas. Ele lembrou que o atual governo assumiu a secretaria em um cenário de restrição orçamentária. Durante a transição, a proposta enviada ao Congresso previa um corte de 59% no orçamento da Sesai.
Com articulação, a pasta conseguiu recompor e ampliar os recursos, que somam R$ 1 bilhão a mais desde 2023. Hoje, o orçamento total ultrapassa R$ 3 bilhões, o maior da história da saúde indígena.
Apesar do avanço, o secretário reconhece que o país ainda enfrenta vazios assistenciais, especialmente na região amazônica, e que 60% das comunidades indígenas ainda não têm acesso à água potável. “Para suprir o passivo histórico e ampliar a assistência, seria necessário mais que o dobro do orçamento atual, algo entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões”, explicou.
Expansão da assistência e novas parcerias
A Sesai vem intensificando o número de atendimentos em todo o país. De acordo com dados oficiais, os serviços prestados à população indígena — incluindo consultas, vacinas e procedimentos odontológicos — saltaram de 9,18 milhões em 2018 para 17,31 milhões em 2024.
Para dar continuidade à ampliação do atendimento, a secretaria aposta em novos formatos de gestão e firmou parcerias com universidades e instituições públicas por meio de Termos de Execução Descentralizada (TEDs) e acordos de cooperação técnica.
“Estamos reorganizando a estrutura da secretaria para garantir a sustentabilidade do atendimento e a presença contínua do Estado nos territórios”, concluiu Tapeba.