Proposta para congelar o salário mínimo pega trabalhadores desprevenidos
O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, defendeu o congelamento do salário mínimo por um período de seis anos, sem reajustes acima da inflação, como forma de enfrentar o que ele classifica como descontrole nos gastos públicos do país.
A proposta foi apresentada durante a Brazil Conference, evento realizado nos Estados Unidos por estudantes brasileiros ligados à Universidade Harvard e ao MIT.
Ao justificar sua posição, Fraga enfatizou que a Previdência Social e a folha de pagamento do funcionalismo público são os dois maiores focos de despesa do governo federal. Para ele, ambos exigem reformas estruturais profundas.
“A Previdência é uma conta gigantesca e precisa de uma reforma de verdade. Mas uma solução mais simples e direta seria congelar o salário mínimo por seis anos. Em seguida, o segundo ponto é o RH do Estado brasileiro, que também precisa de uma mudança drástica”, afirmou o economista durante o evento.
Corte de despesas e reforma fiscal
Armínio reconheceu que a medida seria impopular, especialmente diante da atual política de valorização do salário mínimo adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prevê aumentos reais atrelados ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Ainda assim, ele argumenta que ações como essa são indispensáveis para frear o avanço do déficit público.
Além do congelamento, o economista sugeriu reduzir os chamados gastos tributários em cerca de 2% do PIB. A combinação das duas medidas, segundo seus cálculos, permitiria uma economia total de 3% do PIB, o que seria essencial para reequilibrar as contas do país.
Atualmente, o salário mínimo no Brasil está fixado em R$ 1.518, com previsão de alcançar R$ 1.627 em 2026, de acordo com estimativas do governo federal.
Prioridades de ajuste
Durante sua fala, Fraga apontou que cerca de 80% das despesas do governo estão concentradas em dois pontos: Previdência e servidores públicos. Na avaliação dele, o ideal seria que essa proporção estivesse em 60%, o que demandaria um redesenho do modelo atual de gestão do Estado.
O economista também comentou brevemente o cenário internacional, expressando preocupação com a condução da política dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump. Em sua leitura, os rumos adotados pelos norte-americanos funcionam como uma espécie de referência para outras nações.