Por que Los Angeles está pegando fogo?

Los Angeles enfrenta uma série de incêndios de grandes proporções, que já resultaram na morte de 16 pessoas, dezenas de feridos e a destruição de mais de 2 mil imóveis.

Segundo o chefe do Corpo de Bombeiros do condado, Anthony C. Marrone, as condições climáticas, incluindo ventos intensos e baixa umidade, devem manter a ameaça até quarta-feira.

A prefeita Karen Bass classificou os ventos como um fenômeno de proporções “históricas”, agravando os efeitos da seca prolongada e criando uma “tempestade perfeita” para a propagação das chamas. Até o momento, cerca de 180 mil pessoas tiveram de deixar suas residências, com prejuízos estimados em US$ 10 bilhões.

Fatores que ampliam o impacto dos incêndios

1. Ventos de Santa Ana

Os ventos conhecidos como Santa Ana, que podem alcançar até 161 km/h, são apontados como um dos principais fatores de propagação. Esses ventos, ao retirar a umidade da vegetação, facilitam a ignição e aceleram o avanço do fogo.

Segundo Matt Taylor, meteorologista da BBC, o fenômeno ocorre quando áreas de alta pressão se instalam na região oeste dos EUA, deslocando ventos secos de leste para oeste. Isso cria condições ideais para incêndios, já que os ventos dificultam o uso de aeronaves de combate ao fogo.

2. Infraestrutura hídrica limitada

A escassez de água adequada para conter as chamas também agrava a situação. Com o apoio aéreo comprometido, os bombeiros dependem exclusivamente do sistema de hidrantes, que não foi projetado para lidar com incêndios florestais de grande escala.

Mark Pestrella, diretor de Obras Públicas do Condado de Los Angeles, afirmou que o consumo de água supera a capacidade de reposição dos tanques.

Em áreas como Palisades, os tanques esvaziaram rapidamente, deixando equipes sem recursos suficientes para controlar as chamas.

3. Mudanças climáticas e seca extrema

De acordo com especialistas, como o correspondente ambiental da BBC Matt McGrath, a seca severa e o fenômeno chamado de “chicote climático” — alternância entre períodos extremamente secos e úmidos — contribuíram para a gravidade do cenário.

Estudos da Universidade da Califórnia indicam que o aquecimento global intensifica essas flutuações, promovendo o crescimento da vegetação em anos úmidos, que, ao secar, se torna combustível para incêndios.

Os cientistas alertam que os efeitos das mudanças climáticas aumentaram os episódios de “chicote” em até 66% desde meados do século 20, tornando eventos como os incêndios em Los Angeles cada vez mais frequentes e severos.

Consequências imediatas e desafios futuros

Além das perdas humanas e materiais, a contenção dos incêndios permanece um desafio. Segundo Marrone, com recursos limitados, as chances de controlar as chamas em áreas críticas, como Hollywood Hills, são praticamente inexistentes.

Enquanto isso, especialistas reforçam a necessidade de adaptações na infraestrutura e estratégias para lidar com eventos climáticos extremos, que devem se intensificar nos próximos anos.

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