O que os bancos não querem que você saiba sobre pagamentos
O setor bancário brasileiro segue como um dos mais lucrativos do mundo. De acordo com dados recentes, apenas no último trimestre, o lucro consolidado das principais instituições financeiras atingiu R$ 13,5 bilhões, número expressivo mesmo diante de uma leve queda em relação aos anos anteriores.
O mercado bancário no Brasil é dominado por cinco grandes instituições: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco e Santander. Juntas, elas representam cerca de 80% dos depósitos e empréstimos realizados no país, conforme o Relatório de Economia Bancária divulgado pelo Banco Central.
Essa concentração limita a concorrência e mantém o controle dos serviços financeiros nas mãos de poucas empresas, dificultando iniciativas que poderiam aumentar a competitividade, como a redução de taxas de juros ou tarifas bancárias.
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Serviços bancários sem tarifas
Com a Resolução 3919 do Banco Central, os bancos são obrigados a oferecer contas sem tarifas para serviços essenciais e também contas digitais isentas de custos operacionais. Entretanto, muitos consumidores ainda desconhecem essa possibilidade.
Contas digitais, que permitem movimentações exclusivamente online, estão entre as alternativas que evitam cobranças desnecessárias, mas recebem pouca divulgação pelas próprias instituições, já que reduzem sua lucratividade.
Rotatividade de gerentes e a relação com os clientes
A relação entre correntistas e gerentes também reflete estratégias das instituições para proteger seus interesses. Trocas regulares de gerentes são práticas comuns para evitar vínculos pessoais que poderiam beneficiar clientes em detrimento da rentabilidade do banco.
Além disso, gerentes são orientados a ofertar produtos financeiros que atendam às metas da instituição, como seguros, aplicações e financiamentos, frequentemente com taxas mais vantajosas para os bancos do que para os consumidores.
Investimentos: quem ganha mais?
Investimentos tradicionais oferecidos pelos bancos, como poupança e títulos de capitalização, continuam populares, mas não são as opções mais rentáveis para os clientes.
No caso dos títulos de capitalização, por exemplo, o rendimento costuma ser inferior à poupança, além de exigir que o cliente mantenha o dinheiro aplicado por longos períodos. Ainda assim, esses produtos permanecem no portfólio devido ao alto retorno gerado para as instituições.
Taxas de juros e revisão de contratos
A maior parte dos lucros dos bancos advém da cobrança de juros sobre empréstimos, financiamentos e operações com cartões de crédito. Taxas acima da média do mercado, conhecidas como juros abusivos, são comuns e podem ser contestadas por meio de revisões contratuais.
Empresas especializadas, como a Reis Revisional, estimam que mais de 90% dos contratos de crédito no Brasil apresentam cobranças indevidas, mas a adesão à revisão ainda é baixa.
Alternativas para consumidores
Especialistas recomendam que os consumidores se informem sobre as condições dos serviços bancários que utilizam, busquem alternativas fora do sistema tradicional, como fintechs, e adotem práticas que maximizem seus próprios ganhos, como investimentos mais diversificados e com menores taxas de administração.
Assim, é possível reduzir a dependência das práticas bancárias convencionais e equilibrar a relação com essas instituições financeiras.