Grande rede de supermercados dá adeus definitivo ao Brasil após anos funcionando
A saída do Justo do Brasil marca o fim de um projeto de criar um supermercado 100% digital em um dos maiores mercados da América Latina. Fundada em 2019 no México, a startup chegou ao Brasil em 2021, no contexto da pandemia, com uma proposta de revolucionar o setor de supermercados online.
No entanto, após três anos de operação e um recente aporte de US$ 70 milhões, a empresa anunciou o encerramento de suas atividades no país, com efeitos a partir deste sábado (7).
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A expansão do Justo e o foco no Brasil
O Brasil sempre foi visto como um mercado estratégico para o Justo, que apostava na expansão digital do varejo alimentar. A startup iniciou sua operação no país em outubro de 2021, oferecendo uma plataforma de compras online com entrega no mesmo dia de produtos que vão desde hortifrúti a itens de limpeza e carnes.
A ideia era transformar a experiência de fazer compras em um supermercado em algo prático e eficiente, sem a necessidade de posicionamento dos consumidores.
Além disso, a empresa firmou parcerias importantes com gigantes do mercado como a Latam e o iFood, ampliando seu alcance e fortalecendo sua presença no país. A estratégia parecia promissora, considerando a prosperidade do comércio online impulsionada pela pandemia, que incentivou muitos consumidores a se adaptarem ao modelo de compras digitais.
Desafio da operação no Brasil
Apesar do potencial do mercado brasileiro, a realidade para o Justo foi mais desafiadora do que o esperado. Operar no Brasil não é tarefa fácil, principalmente quando se trata de um modelo de supermercado totalmente digital, onde a logística de entrega de produtos frescos e perecíveis se torna uma complicação adicional.
A complexidade do país em termos de infraestrutura logística, tributação e dificuldades fiscais, somada à alta competitividade do setor, acabou dificultando o crescimento sustentável da startup.
Especialistas como Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail, apontam que o varejo alimentar digital enfrenta grandes desafios logísticos, especialmente em um mercado tão grande e fragmentado como o brasileiro.
Impacto do fechamento
Com a saída do Justo, outras empresas deverão absorver a sua clientela. Nomes como iFood, Rappi, Daki e até grandes redes como Carrefour e Pão de Açúcar, que já ampliaram suas operações online, estão bem posicionados para captar esses consumidores que desejam nas compras online.
Além disso, com o recente investimento do Justo no México e a parceria com a Amazon para entregas no país, é claro que a startup está apostando em novos horizontes, priorizando mercados com uma estrutura logística mais eficiente e um modelo fiscal mais favorável.
Embora o setor de alimentos tenha apresentado crescimento nas vendas online, conforme planejado pelo relatório Webshoppers da NielsenIQ Ebit, o Brasil se destaca como um mercado mais complexo para negócios puramente digitais.
A compra de alimentos online no Brasil foi uma tendência acelerada pela pandemia e segue em alta, mas ainda existem barreiras para empresas que buscam se estabelecer de forma sustentável nesse segmento.
Transição para o México
Com o encerramento de suas atividades no Brasil, o Justo parece estar reorientando sua estratégia para o México, onde a startup já firmou parcerias significativas, incluindo a com a Amazon, para fortalecer sua logística de entregas.
Acredita-se que, no México, as condições para a operação de um supermercado digital sejam mais detalhadas, principalmente por conta da infraestrutura e da dinâmica de consumo local.
O México, assim como o Brasil, tem visto um aumento no uso de aplicativos de entrega de supermercado, mas com um contexto logístico mais favorável e uma menor complexidade tributária e fiscal.
Apesar do impacto no setor e da saída de uma grande marca, a competição no mercado de supermercados digitais continuará intensa, com empresas locais e internacionais buscando soluções para atender à demanda crescente por conveniência e praticidade nas compras.