Ministério responsável pelo Bolsa Família vai atender dependentes de jogos de azar
Um novo vício está tomando conta do país: os jogos eletrônicos de azar. Para se ter uma dimensão, apostas esportivas atraem jovens e chegam a 15% da população, de acordo com o Datafolha. O mesmo levantamento afirma que quase 30% dos brasileiros de 16 a 24 anos já apostou pelo menos uma vez na vida.
Muitos brasileiros endividados recorrem a esse tipo de recurso para tentar ganhar dinheiro e acabam apostando o pouco que possuem. Com isso, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) elaborou uma proposta com quatro medidas para impedir que beneficiários do Bolsa Família sejam envolvidos em jogos e apostas online.
Entre as ações, está a oferta de atendimento psicológico em unidades como o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) e os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), direcionada a pessoas com dependência de jogos.
Outra medida visa o lançamento de campanhas informativas pelo Executivo, orientando o uso consciente dos benefícios sociais. Além disso, o governo quer restringir publicidade direcionada a públicos vulneráveis, como beneficiários do Bolsa Família, crianças e adolescentes.
Vale destacar que, atualmente, portarias do Ministério da Fazenda já proíbem a veiculação de propagandas voltadas para crianças.
A proposta será discutida com técnicos dos Ministérios da Fazenda e da Saúde. O objetivo é formatar as sugestões para apresentação ao presidente Lula nesta quinta-feira (3).
Uma das medidas que já conta com consenso no governo é o bloqueio do uso do cartão do Bolsa Família para o pagamento de apostas online.
Setor de jogos também adota medidas
A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) anunciou um programa de tratamento para o vício em jogos, conhecido como ludopatia. O projeto piloto terá duração de dois meses e irá oferecer atendimento presencial a mil pessoas em todo o país, além de teleatendimento para outras 20 mil pessoas em comunidades.
O programa será desenvolvido em parceria com a plataforma de saúde mental Somente, que oferece apoio psicológico e emocional, e o Instituto Belezinha, que atua em comunidades de São Paulo com o suporte de psiquiatras e psicólogos.
O investimento inicial da ANJL será de R$ 790 mil, com futuras contribuições de associados para manter o programa. Além disso, foi criado um selo de garantia que identifica as empresas de apostas que estão em processo de legalização.
Estima-se que, com a regulamentação do mercado de apostas online, prevista para 2025, o setor movimentará R$ 20 bilhões em apostas mensais e pagará cerca de R$ 17 bilhões em prêmios. O imposto recolhido deve gerar R$ 1,5 bilhão por mês.