Sua cidade pode estar entre as mil em situação perigosa de seca extrema
Mais de mil cidades em todo o Brasil estão enfrentando uma situação crítica de seca severa ou extrema, conforme dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
A falta de chuva e as altas temperaturas, exacerbadas pelo fenômeno El Niño, têm contribuído para a propagação de incêndios e dificuldades no abastecimento de água. Com a vegetação seca e o ar extremamente seco, mais da metade das cidades brasileiras estão em alerta.
O ano de 2023 foi marcado por recordes de calor e chuvas abaixo da média, fenômenos intensificados pelo El Niño e o aquecimento dos oceanos. Embora o El Niño tenha terminado, seus efeitos persistem, resultando em uma seca que afetou a região Norte e, subsequentemente, se espalhou para outras partes do país.
Segundo o Cemaden, 1.024 cidades estão atualmente classificadas como estando em seca extrema ou severa, o que representa 20% dos municípios brasileiros. Este número é quase 23 vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Os estados mais afetados incluem Amazonas, Acre, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, São Paulo e Tocantins, onde todas as cidades estão sob alguma classificação de seca. A estiagem tem causado sérios prejuízos na agricultura e pecuária, além de isolar regiões que dependem do transporte por rio e dificultar o abastecimento de água.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou o maior número de focos de incêndio dos últimos dez anos, aumentando ainda mais os riscos para a saúde da população devido à baixa umidade do ar.
Situação Crítica em Regiões Específicas
No Sudeste, São Paulo e Espírito Santo enfrentam uma situação particularmente grave, com todas as cidades sob alguma classificação de seca. São Paulo registrou o pior índice de focos de incêndio dos últimos dez anos em junho, com a vegetação seca facilitando a propagação das chamas.
Embora o Sistema Cantareira esteja com 63% de sua capacidade, especialistas alertam para a necessidade de cautela, pois a seca deve perdurar por meses. No Espírito Santo, a seca impactou severamente a produção agrícola, com safras de café e leite sofrendo prejuízos milionários.
No Centro-Oeste, os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estão enfrentando um aumento significativo nos incêndios. O Pantanal, bioma que abriga a maior planície alagável do mundo, está sofrendo com o nível mais baixo do rio Paraguai em quase 60 anos. No Mato Grosso do Sul, o rio Perdido está seco em vários trechos, afetando o abastecimento de centenas de famílias e a produção agrícola.
A região Norte, que tentava se recuperar da pior seca em 40 anos, vive novamente um período de estiagem severa. No Amazonas, 19 rios apresentaram níveis de água inferiores aos de 2023, isolando comunidades e afetando mais de 10 mil pessoas.
Governos do Acre e de Rondônia decretaram situação de emergência devido ao baixo nível dos rios e à falta de chuvas, que tem agravado ainda mais a crise hídrica e impactado a agricultura.
Perspectivas Futuras para as cidades brasileiras
A previsão dos meteorologistas é de que a seca se intensifique em relação ao ano passado. Em junho de 2022, apenas 45 cidades estavam em seca extrema ou severa, número que saltou para mais de mil cidades em 2023. Mesmo com o fim do El Niño, outros fatores como as águas quentes do oceano e as mudanças climáticas continuam a afetar o clima no Brasil.
Há esperanças de que a chegada do fenômeno La Niña, previsto para agosto, possa trazer chuvas e ajudar a minimizar a estiagem. Contudo, para que os impactos sejam significativos, a La Niña precisa ser intensa, e os efeitos só seriam percebidos em um período de seis meses. Enquanto isso, as autoridades continuam a monitorar a situação e a emitir alertas para que a população tome medidas de precaução.