Jornal revela “pirâmide” que pode quebrar o INSS
Um estudo recente sobre as finanças da Previdência Social revelou que, ao longo de uma década, o número de benefícios concedidos pelo INSS aumentou significativamente mais do que o número de contribuintes.
O relatório, divulgado pelo jornal “O Globo”, foi conduzido pelo economista Rogério Nagamine, especialista em políticas públicas, que analisou os dados de contribuições e pagamentos previdenciários de 2012 a 2022, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, considerando aqueles que fizeram ao menos uma contribuição anual.
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Resultados surpreendentes da pesquisa
De acordo com a pesquisa, o número de contribuintes para a previdência cresceu em média 0,7% ao ano, os pagamentos de benefícios como aposentadorias e auxílios aumentaram três vezes mais rápido, com uma média de 2,2% ao ano.
Isso sugere que as contribuições dos trabalhadores à previdência não estão acompanhando o ritmo acelerado de crescimento dos pagamentos de benefícios.
Envelhecimento da população brasileira tem gerado desequilíbrios no sistema
O estudo destacou que, dos 129 milhões de pessoas economicamente ativas, mais de 70 milhões não contribuíram para a previdência.
Nagamine, que atuou como subsecretário do regime geral de Previdência Social no governo anterior, argumentou que o envelhecimento da população brasileira tem gerado desequilíbrios no sistema.
“Enquanto a população idosa, de 60 anos ou mais de idade, cresce a um ritmo de quase 4% ao ano, a população que é mais em idade de trabalhar, de 16 a 59 anos, cresce a um ritmo abaixo de 1% ao ano. Então […] é natural esperar que o ritmo de crescimento dos benefícios seja sempre muito superior ao dos contribuintes para a previdência. Isso vem acontecendo e isso deve continuar acontecendo nas próximas décadas”, destacou em entrevista ao Jornal Nacional.
Economia brasileira na última década
Além disso, o estudo apontou o desempenho fraco da economia brasileira durante o período analisado e a evolução do mercado de trabalho aquém das expectativas como fatores contribuintes para o desequilíbrio.
Também evidenciou que a escolaridade está diretamente relacionada à contribuição previdenciária, com apenas 13% dos trabalhadores sem instrução ou com menos de um ano de estudo contribuindo para a previdência, em comparação com 72% dos trabalhadores com ensino superior.
Necessidade de ajustes no sistema
O gasto com a previdência representa a maior fatia do orçamento público. Leonardo Rolim, ex-presidente do INSS, enfatizou a necessidade de ajustes constantes no sistema, devido ao aumento da longevidade da população.
“Na medida em que o sistema se mostra difícil de ser viável no futuro, ele tem que ser adequado, porque o que a gente precisa garantir é a proteção às pessoas idosas que não vão poder trabalhar no futuro ter a garantia de receber a sua aposentadoria justa pelo tempo que ele contribuiu ao longo da vida”, explicou Rolim.