Levantamento aponta que CNH Social custa 10x mais que a normal

Dois anos após o início das inscrições e quase 70 mil adesões depois, o programa CNH Social do Mato Grosso do Sul atingiu uma marca de adesão que representa menos de 10% da meta estabelecida.

Dados fornecidos pelo Detran revelam que apenas 480 documentos foram efetivamente entregues até o momento.

Segundo as informações, com um investimento total de R$ 16 milhões, cada documento emitido está custando aproximadamente de R$ 33 mil, o que é aproximadamente dez vezes mais do que o custo usual de emissão. Veja mais detalhes sobre o tema seguir.

CNH Social

Aprovada em 17 de dezembro de 2021, com previsão inicial de emissão de 5 mil documentos por ano, as inscrições para o programa tiveram início em 30 de março de 2022 e os cursos de formação começaram em setembro daquele mesmo ano.

No entanto, o ritmo de conclusão dos processos está bem longe do esperado. Até o momento, não foi lançado um segundo edital de inscrições, mesmo dois anos após o início das inscrições para o primeiro ano.

Dados

Das cinco mil vagas disponibilizadas, 250 foram reservadas para Pessoas com Deficiência (PcD). De acordo com o Detran, apenas 10 PcD receberam os documentos até o momento, o que corresponde a apenas 4% da meta estabelecida, um índice inferior aos demais inscritos, que alcança 9,6%.

Em setembro do ano passado, os últimos 1.329 candidatos foram convocados para iniciar o processo de 45 horas de aula teórica, exame médico, entre 20 a 26 aulas práticas, e o exame prático no Detran.

Legalmente, esses candidatos tinham 12 meses para concluir todos os trâmites. Como parte dos cinco mil inscritos ainda está finalizando o processo, dependendo do número de aprovados, o custo médio do documento pode sofrer redução.

Enquanto os candidatos que se inscrevem diretamente nas autoescolas levam, em média, entre três a quatro meses para concluir o processo de obtenção da CNH, segundo Henrique José Fernandes, presidente do sindicato dos Centros de Formação de Condutores.

Vale destacar que o tempo médio para a emissão dos documentos do programa CNH Social não foi informado pelo Detran. Contudo, o baixo número de documentos emitidos até o momento sugere que o ritmo está aquém do esperado.

Por que poucas CNHs foram emitidas?

Henrique Fernandes aponta a idade avançada dos candidatos selecionados como uma das principais razões para a lentidão, uma vez que foi um dos critérios de seleção.

“Acho que pelo menos 80% dos escolhidos têm mais de 60 anos. Tem muita gente com até 75 anos. Nada contra essas pessoas, mas muitas delas têm dificuldades de aprendizado, muitas têm dificuldade para usar computador [a prova teórica é feita pelo computador] e, principalmente, com apenas 20 ou 26 horas de aula prática, acabam reprovando no exame prático”, explica.

Além disso, ele explica que, caso desejem mais de 26 horas de aula prática, precisam arcar com o custo adicional.

Muitos desses candidatos não possuem recursos financeiros, já que, pelo programa do governo, as autoescolas cobram pelo menos R$ 68,00 por hora.

Devido à demora e ao alto índice de reprovação, a coordenação do programa planeja revisar os critérios de seleção dos candidatos. Isso porque o governo estadual investiu R$ 16 milhões no programa, mas os resultados estão abaixo das expectativas.

Considerando o custo médio de uma CNH na categoria B em torno de R$ 3 mil, o programa, com base no número de documentos emitidos até agora, está gerando um custo médio de R$ 33 mil por documento.

Se todos os selecionados tivessem concluído o processo, o custo médio seria em torno de R$ 3,2 mil. No entanto, o alto índice de reprovação e desistências aumentou significativamente o custo médio por documento.

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